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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

OS GRANDES CAFEEICULTORES DO SÉCULO XIX EM ITATIAIA - Alda Bernardes de Faria e Silva

OS GRANDES CAFEICULTORES DO SÉCULO XIX EM ITATIAIA
Alda Bernardes de Faria e Silva

A denominação de nossos avós para a planta do café era “Cafezeiro”, mas o dicionário diz “Cafeeiro”.
O cafeeiro crescia espontâneo e sem necessidade de plantio entre os etíopes e abissínios de priscas eras.
Seu fruto era aproveitado para beberagem por aqueles povos africanos, desde os tempos remotos. De lá, seu uso passou aos persas, destes aos árabes, que o disseminaram a partir do século XV. Suas sementes espalharam-se por todo mundo islâmico. Foram levadas de Meca por peregrinos em caravanas religiosas ou comerciais. O café ganhou o Egito, conquistou os turcos. Chegando a Constantinopla, foi introduzido na Europa.
Os portugueses, contornando a África, descarregavam em Lisboa as especiarias asiáticas.
No século XVIII já se bebia café em Londres e Paris, que se converteu daí na bebida da moda.
Procedia da Arábia todo o café que o mundo civilizado de então absorvia, em pequena escala.
Na América do Sul, a planta do café entrou através da Guiana Francesa. Coube ao brasileiro Melo Palheta o mérito de transportar da colônia francesa, para nossa terra, as primeiras sementes do Cafeeiro, que foram plantadas em Belém do Pará, em 1722.
De mão em mão, as sementes partiram para a província do Maranhão na década de 1770.
Em 1774 foi o café introduzido na cidade do Rio de Janeiro; duas mudas que aqui no Sul cresceram e floresceram em jardins, multiplicando-se sementes, até que (um estrangeiro) Van Mooke, holandês, chegar a plantar 100.000 pés, formando o primeiro cafezal, na periferia da Corte. Tanto êxito financeiro lhe foi proporcionado, que todo resto do país, de norte a sul, entendeu que uma nova mina havia aparecido da cor atraente das emeraldas e produzia frutos de rubi.
Já na primeira década do século XIX, as mudas iniciais foram trazidas para Resende, muitos grãos da rubiácea vieram pelas mãos do Padre Antonio Couto da Fonseca, do Rio de Janeiro.

CULTURA DO BENEFICIAMENTO DO CAFÉ

Após o desmatamento dos morros arredondados ou “meia laranja”, que cobriam o Vale do Paraíba, começava-se a fazer as covas para o plantio das mudas de café.
O cafeeiro daria seus primeiros frutos no terceiro ou quarto ano de vida, mas somente no sexto ano, estaria em plena produção. A capina era feita duas vezes ao ano. Aproximando-se a época da colheita(no início dos meses de abril ou maio, indo até setembro/outubro), fazia-se capina para facilitar a catagem dos grãos que caíssem no chão.
A colheita era feita pelos escravos que tiravam os frutos correndo a mão de cima para baixo dos galhos, o que se chamava derriçagem.
O fruto colhido caía numa peneira que o escravo trazia presa à cintura. Com um movimento de abano os frutos eram jogados para o alto, caindo novamente na peneira, ficando café por baixo e as impurezas(como folha, pedaços de galhos, etc.), facilitando, assim, uma primeira limpeza.
Em seguida, os frutos eram colocados em balaios que seriam transportados para o terreiro de café, junto à casa grande.
Depois de colhido, o café era colocado nos terreiros para secagem ou, então, levado diretamente para tanques com água(o café conhecido como “lavado”).
Nos terreiros, os grãos eram revolvidos vários por dia, com rodos de madeira, para que secassem de maneira mais homogênea. No final do dia, o café era empilhado em vários montes que eram cobertos por sacos ou esteiras a fim de evitar o orvalho da madrugada.
A secagem levava cerca de 30 dias.
O café seco no terreiro, permanecia com duas “capas” que envolvem o fruto: a polpa(ou coco) e a casquinha(uma pele mais fina).
Para retirar a polpa, emprega-se também uma maneira bastante rudimentar que era bater o café em coco com varas, em seguida, passando ao pilão manual.
Depois de socado o café, usavam-se os abanos de taquara(peneiras) para peneirar separando-se, assim, os grãos das cascas.
Após o despolpamento, restando apenas uma fina película, o pergaminho que vai ao engenho de soque para limpar e brunir é usado o Monjolo(pilão de um só braço movido à água, é o mais antigo engenho que se conhece).
Após o beneficiamento, o café é torrado e moído.
Podemos citar o Comendador Manuel da Rocha Leão, proprietário da Fazenda “Cachoeira”, cujo café obteve prêmio de alto preço – medalha de ouro. O galardão só foi conferido a três dentre cerca de 100 grupos do produto, na Exposição de Paris, em 1866.
Na década de 1870, o Comendador Rocha Leão adquiria, na Inglaterra, 7 milhas de trilhos para a projetada via férrea, que teria de percorrer suas lavouras, situadas em Itatiaia, hoje, Nhangapi, pertencentes a Campo Belo, hoje Itatiaia.
Outro importante proprietário da Fazenda da “Serra”, o Cel. Tito Lívio Martins, produziu grande quantidade de café em sua fazenda em Campo Belo(Itatiaia).
Era filho de Dona Maria Benedita Gonçalves Martins, conhecida como a “Rainha do Café em Resende.”
Um dos grandes cafeicultores da época, o Comendador Joaquim Gomes Jardim, em sua fazenda “Valparaíso”(situada na freguesia de Campo Belo) produziu 8.551 arrobas de café no ano de 1860.
Em 1876, Domingos Gomes Jardim, descendente do Comendador Joaquim Gomes Jardim, receberia na Feira da Filadélfia o prêmio de “ALTA QUALIDADE”.
Na Exposição Regional de 2 de dezembro de 1885, destacava-se o café tipo “Moca”da fazenda “Itatiaia”, de Rocha Leão, e “Valparaíso”, de Domingos Gomes Jardim, ambas na Freguesia de Campo Belo.
O transporte do café em Campo Belo(Itatiaia) para o Rio de Janeiro passou por três etapas: via terrestre, com as tropas de mulas que alcançavam os portos angrenses para daí, por via marítima, chegar à Corte. Na época, um dos grandes comerciantes de Campo Belo(Itatiaia)Diogo dos Santos Pinto mantinha 40 tropas, com 10 mulas cada, perfazendo 400 mulas, levando sua mercadoria, via Ariró, Mambucaba, enfrentando caminhos esburacados, lodacentos,à vista da morraria que deve ter inspirado o nome de “Quebra Cangalha”, o que levava de 5 a 6 dias de viagem das tropas.
A segunda etapa foi a via fluvial, pelo Rio Paraíba, de Campo Belo(Itatiaia) até Barra do Piraí, no início da década de 1860, com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II à freguesia de Barra do Piraí.
No transporte por via fluvial se fazia três viagens(ida e volta), cada uma mensalmente, de 25 a 30 barcas, levando cada uma 250, 300 e 400 arrobas do café dos cafeicultores da região de Bananal, São José do Barreiro, Areias, Queluz, Sul de Minas e Campo Belo, armazenados nas Casas Comerciais, na época em Campo Belo. Os grandes intermediários eram as Firmas: Irmãos & Rocha Bernardes, com 100.00 arrobas, Teixeira Braga com 60.000 arrobas; Pinto & companhia com 100.000 arrobas e a Casa Comercial de Diogo Santos Pinto, com 100.000 arrobas de café.
O maior entreposto alfandegário do Rio Paraíba em Campo Belo pertencia a Diogo Santos Pinto; pelo volume de suas operações, essa riqueza continuou ininterrupta até fins de 1888.
A terceira fase foi com a chegada da Estrada de Ferro D. Pedro II a Resende e Campo Belo.
Desde que se abriu a estação de Campo Belo em 1873, da Estrada de Ferro D. Pedro II, o comércio entre nós esmoreceu, a navegação do Paraíba estava nesse caso e desapareceu com a estrada de ferro. (“O Jornal”, em junho de 1873, atestava: “Na realidade, a estrada de ferro daria o golpe de morte na navegação do Paraíba.”)
A lavoura,

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