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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Município de Itatiaia
Memória Histórica


O município de Itatiaia foi criado por Lei n° 1330, de 6 de Julho de 1988, por desmembramento de Resende e com uma área de 204 km² quadrados por ato firmado pelo Governador Moreira Franco. Sua sede foi elevada a cidade em 1° de junho de 1989. No séc. XVII suas terras serviam de passagem ou de pouso de viajantes que provenientes do sul de Minas demandavam os portos sul-fluminenses. Com o esgotamento das minas, mineradores procuraram suas terras para atividades agrícolas como o plantio de cana e pecuária leiteira. Com o início do Ciclo do Café, no final do século XVIII, surgiram grandes fazendas com plantações de café, subindo e descendo as encostas dos morros arrendados que ornam o Vale do Paraíba em Itatiaia.
Foi somente no início do século XIX que surgiu o povoado de Campo Belo e atual Itatiaia, com a instalação do Distrito de Paz e Tabelionato, em 13 de maio de 1832, para, inclusive, o registro de terras e de escravos.
Em 5 de abril de 1839, foi instalado o Curato Eclesiástico de São José de Campo Belo e subordinado a matriz N.S. da Conceição de Resende. A primitiva capela data de 1839. Ela foi erigida em terras doadas por D. Silvéria Soares Lucinda com a condição de invocar São José padroeiro de sua família. Esta capela deu origem a atual matriz de Itatiaia.
Campo Belo, atual Itatiaia, foi elevada a vila por Lei Federal n° 311 de 2 de março de 1938. Em 31 de dezembro de 1943, o Decreto Lei n° 1056 deu ao quarto distrito de Resende e Vila de Campo Belo o expressivo nome de Itatiaia que, em Tupi Guarani, segundo Afonso de Taunay, quer dizer “pedras cheias de pontas”.
No início do século XIX, o transporte da região se fazia por via terrestre. Em penoso desfilar, as tropas de muares abriram os caminhos do Oeste para o Leste. Do sul vinham grandes levas de tropeiros gaúchos fornecedores de mulas para a lavoura cafeeira e escoamento do mesmo para Angra dos Reis. Foi do norte que mineiros transpuseram a Mantiqueira para o Vale do Paraíba e lançaram as primeiras raízes da sociedade colonial itatiaiense.
Foi na década de 1860 e no início da de 1870 com a fase áurea do café – o Ouro Verde, que surgiu a exploração da via fluvial pelo rio Paraíba com barcos enormes que, desde Barra do Piraí, navegava o Rio Paraíba acima até Itatiaia (então Campo Belo) para atender os grandes comerciantes das firmas Rocha Bernardes, Teixeira Caboré e Companhia Diogo dos Santos Pinto com armazéns no porto das Barcas, na época considerado um dos maiores entrepostos alfandegário e comercial para o qual inclusive eram despachadas para o Rio de Janeiro produções dos municípios paulistas de Queluz e Areias. Os trilhos da Estrada de Ferro Dom Pedro II, chegaram em Itatiaia em 1873, substituindo aos poucos o comércio fluvial até Barra do Piraí. Com o fracasso, por causas amplamente conhecidas, as antigas fazendas de café de Itatiaia voltaram-se para a pecuária de ponta e a leiteira. Foi em Itatiaia que surgiu o primeiro exportador fluminense de manteiga e o segundo em leite que era transportado ao Rio em vagões frigoríficos. Hoje, como marcos rurais existem as fazendas “Belos Prados” e da “Serra”, as primeiras, ao que se sabe, exploradas como hotéis fazendas, hoje bastante difundidos na área.
Com a construção da Rodovia Presidente Dutra, por volta de 1950, ligando os dois maiores centros urbanos do Brasil e mais a Hidroelétrica do Funil eles determinaram um grande surto migratório para Itatiaia surgindo as indústrias Flextronics (Xerox), Michelin, Biochimico, etc.
Foi no século passado que cientistas naturalistas, geólogos e botânicos, visitaram e estudaram o maciço do Itatiaia. Dentre os brasileiros cumpre mencionar Franklin Massena, Barão Homem de Mello e em data mais recente, Alberto Lamego, Campos Porto, A. J. Sampaio, A. C. Brade. Dentre os estrangeiros lembro o francês Glaziu, Holt, Wavra, Ulo, Duzeu, Derby, e o Conde D’Eu e a princesa Izabel visitaram o Itatiaia. Merece destaque especial, o entomologista José Francisco Zikan, que organizou coleções com mais de 70.000 insetos colhidos no Itatiaia, o que por si só indica o valor cientifico da obra por ele realizada, razão de seu nome, haver sido perpetuado na ciência de diversos países. Parte do acervo que ele desenvolveu encontra-se no Museu do Parque Nacional do Itatiaia criado em 1937 e que ocupa grande parte do município. A outra parte do seu acervo, encontra-se no instituto Osvaldo Cruz no Rio e todo ele a serviço da ciência.
Hoje o município e a cidade de Itatiaia emoldurados pela paisagem do maciço do Itatiaia com suas elevações, picos, cascatas, rios, matas e vales é um convite permanente para os turistas ocuparem os hotéis da região, seja no próprio Parque, seja no Bairro de Penedo, antiga colônia finlandesa fundada, particularmente, em 1929.








Sobrado

A construção do prédio data de 1853, foi residência da família Rocha Leão.
Em 1880, funcionou como Colégio do erudito José Maria de Almeida.
Em 1922 o prédio foi reformado e ocupado pelo Hospital de Convalescentes do Exército.
Hoje em dia o imponente prédio funciona como sede da Prefeitura Municipal.











A lenda do ultimo Adeus

No inicio do século XIX, quando a região era dominada pelos grandes proprietários de terras, afidalgaram-se recebendo os títulos de nobreza, com que o Imperador, pensou formar sua Aristocracia Imperial. Naquela brilhante aristocracia de café, encontramos na região serrana de Itatiaia, o Visconde de Mauá, proprietário de terra nas freguesias de Vagem Grande e Campo Belo, suas fazendas eram em número de sete: “Couto”, “Rio Preto”, “Cruzes”, “Taquaral”, “Monte Serrat”, “Itatiaia” e “Benfica”.
O comendador Henrique Irineu de Souza, filho de Visconde de Mauá, residia com sua Família na fazenda “Monte Serrat”.
Uma de suas filhas era noiva do Visconde do Salto, grande proprietário de terras na vizinhança da aldeia de Boa Vista (hoje Engenheiro Passos), subia a serra em lombo de seu bizarro cavalo e acompanhado do fiel escravo, para visitar sua noiva Sinhazinha. Após alguns dias, retomava a freguesia, na descida da serra, existe um trecho de onde do Cimo da Pedreira, podia se avistar a casa grande de Monte Serrat, hoje sede do parque nacional do Itatiaia. O Visconde do Salto escalava a pedreira e acenando o lenço dando o último adeus a sua amada, pois dai em diante não mais se avistava a casa grande. Estes grandes e felizes momentos, repetiam-se de tempos em tempos, através desta lenda, a pedra do Último Adeus, tornou-se conhecida até o dia de hoje.
Síntese da lenda da “Mulher deitada”

Piága Aymoré

Há alguns séculos atrás quando existiam ainda os Puris ou Puria, uma antiga tribo nômade que vagava pela Cordilheira da Mantiqueira nos cumes da serra do Itatiaia.
Contava-se a respeito do velho cacique Caboaçu que tinha uma filha, Jandira, que era cobiçada pelos índios da tribo, porém, somente Jatyr a conquistou, já o Cacique queria dá-la a Gurupema, o mais forte da tribo que desejava ser seu sucessor.
Gurupema sentiu-se rejeitado por ela e seguiu seus passos até descobrir que ela amava Jatyr.
Então, ele revelou o segredo ao Cacique e colocou Gurupema em batalha vida ou morte com Jatyr.
Somente o vencedor teria como prêmio a filha do Cacique.
Jatyr era exímio atirador com arco e flecha. Jatyr humilhou seu rival perante toda a tribo, atirando-lhe a flecha que atravessou em instantes uma orelha de Gurupema que envergonhado fugiu pela mata adentro.
Jatyr recebeu sua amada como companheira e foram felizes por muito tempo.
Certa época um índio chegou exausto e espavorido notificando que os Emboabas se punham a caminho depois de terem expulsado os Tamoios da Cordilheira do Mar. O Cacique Caboaçu ordenou a fuga da tribo, quando Jatyr interviu dizendo que iria ao encontro dos Emboabas.
No caminho, foi atingido, morto por uma flecha traiçoeira, desferida por Gurupema.
Gurupema surgiu na tribo afirmando que os Emboabas se aproximavam guiados por Araribóia e por Jatyr que os havia traído.
O velho Piaga-Pagé, sacerdote, chefe espiritual dos índios prenunciou a morte da índia e a imortalidade de seu corpo.
A profecia foi cumprida.
“Quem passar pelo Vale do Paraíba, nas mediações de Itatiaia, olhando na direção dos Três Picos de Penedo verá o perfil de uma mulher deitada.
É Jandira, a índia petrificada, a espera de seu amado Jatyr, que nunca mais voltou.”
Alda Bernardes de Faria e Silva
Presidente da Academia Itatiaiense de História

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