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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Itatiaia pode ganhar um museu -matéria publicada pelo Jornal Beira Rio


Itatiaia tem uma história intimamente ligada à produção cafeeira do século XIX. Nas terras que hoje fazem parte do município estão fazendas que exportaram café para vários cantos do país, entre elas a Belos Prados, Fazenda da Serra, Fazenda do Cazunga e a Fazenda Itatiaya que foi derrubada para a construção da represa do Funil. Dentre os nomes mais importantes da produção cafeeira na cidade está o de Manoel da Rocha Leão, que no ano de 1866 ganhou uma medalha no Salão de Paris pelo café produzido em sua fazenda, Alda Bernardes, luta para criar um museu reunindo peças deste tempo. A sede já existe, mas a reforma do local necessita de apoio financeiro.

Dona Alda Bernardes(foto acima) foi uma das responsáveis pelo movimento emancipacionista da cidade no ano de 1983 a 1988. Foi ela também quem fundou junto a outros membros fundadores a Academia Itatiaiense de História em 1° de Junho de 1992. Descendente de grandes cafeeicultores, dona Alda se orgulha de ter em casa peças da família que serão parte do museu.

__ Minha família tem uma história íntima ao café. Começando pelo Manuel da Rocha Leão. Meu avô também foi cafeeicultor e meu pai seguiu o caminho dele, só que com a produção leiteira, já que o café não estava em alta.

O projeto de Dona Alda para criar o museu começou há 60 anos, conta com muito bom humor.

__ Há sessenta anos eu estou reunindo este material. Foi quando eu comecei a pesquisar sobre a história da minha família e de Itatiaia.

Para a sede d o museu, Dona Alda comprou com recursos próprios uma casa do século XIX na Rua São José, uma das mais antigas do município. A Chácara Pequenina é feita de pau-a-pique com telhas coloniais. De acordo com Dona Alda, na chácara já morou uma das figuras mais importantes da história da cidade: o farmacêutico Reinaldo Maia Souto, que hoje dá o nome à maior escola do município, também na Rua São José.Como o prédio estava fechado há muitos anos, os problemas estruturais são sérios: parte do telhado foi destruída ; as paredes precisam de reparos, pois parte da pintura que cobre o pau-a-pique está à mostra; rachaduras estão por todo o canto e só uma grande reforma poderá trazer o brilho que o imóvel teve no passado. Apesar de apresentar uma série de problemas, conta Dona Alda, o imóvel tem um espaço adequado para o futuro museu.

__ A Casa conta com três quartos, uma sala de estar outra de jantar, uma cozinha, banheiros, varanda e um tereno grande. Ela será aproveitada por dentro e por fora.

O imóvel foi comprado no nome da Academia Itatiaiense de História por Alda Bernardes. Para a reforma do prédio, dona Alda elaborou um projeto com a ajuda de uma arquiteta e um engenheiro. No projeto foram orçados a mão-de-obra e o material a ser investido. Após o levantamento constatou-se que a reforma custará em torno de R$150 mil.

__ É um valor muito alto para a gente investir. Precisamos da ajuda de alguma empresa ou alguém que queira patrocinar.

Dona Alda está procurando a ajuda de grandes empresas e do comércio local. A proposta é que comerciantes da cidade possam doar o material ou alguma empresa banque o custo total da obra.

__ Em outubro a gente iremos numa empresa. Estou na torcida para que o museu fique pronto o quanto antes.

Enquanto o museu não é inaugurado, dona Alda guarda em casa o acervo que já vem adquirindo ao longo dos anos. Ao todo são 185 peças. São livros, panelas, penicos e até um carro de boi. Muitas peças são do acervo da própria família Bernardes.

__ Tenho algumas bengalas que foram dos meus avôs e bisavôs. Além disso, tenho umas sombrinhas que precisam só serem reformadas, pois ainda guardam o brilho daquela época.

Fonte: Jornal Beira Rio de 24 a 30 de setembro de 2010 - Página 17

sábado, 11 de setembro de 2010

André Rebouças – um brasileiro a frente de seu tempo – pelo acadêmico Carlos Lima da Silva




André Pinto Rebouças(Cachoeira, 13 de janeiro de 1838 - Funchal, 9 de maio de 1898) foi um engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro. Filho de Antônio Pereira Rebouças(1798-1880) e de Carolina Pinto Rebouças. Advogado, deputado e conselheiro de D. Pedro II (1840-1889), seu pai era filho de uma escrava alforriada e de um alfaiate português. Seus irmãos Antônio Pereira Rebouças Filho e José Rebouças também eram engenheiros. André Rebouças ganhou fama no Rio de Janeiro, então capital do Império, ao solucionar o problema de abastecimento de água, trazendo-a de mananciais fora da cidade. Ao lado de Machado de Assis e Olavo Bilac; foi um dos representantes da classe média brasileira com patente ascendência africana e uma das vozes mais importantes em prol da abolição da escravatura.

Incentivou a carreira de Carlos Gomes, autor da ópera O GUARANI.



  • 1838 - Nasce em Cachoeira, na Bahia, com o nome de André Pinto Rebouças, filho de Antônio Pereira Rebouças e Carolina Pinto Rebouças.


  • 1842 - A família Rebouças muda-se para o Rio de Janeiro, André convalesce de um ataque de varíola.


  • 1854 - André e seu irmão Antônio ingressam no curso de engenharia da Escola Militar.


  • 1858 - Os irmãos Rebouças concluem o curso de engenharia.


  • 1860 - André e Antônio são promovidos a primeiro-tenente e recebem a "Carta de Engenheiro Militar".


  • 1861- De posse de uma bolsa de estudos, os dois irmãos embarcam para a Europa.


  • 1862- 25 de Outubro: os Rebouças estão de regresso ao Brasil. Começam a procurar emprego.


  • 1863 - André é nomeado para inspecionar as fortalezas do sul do Brasil. Permanece, ao lado de Antônio, em Santa Catarina.


  • 1864 - 1° de Janeiro: André está de volta à Corte. Antônio permanece em Santa Catarina.

Não conseguindo apoio para a sua idéia de construir diques múltiplos, no porto do Rio de Janeiro. André aceita uma comissão para estudar remodelações no porto do Maranhão. Começa a Guerra do Paraguai. .




  • 1865 - André volta para o Rio de Janeiro e apresenta-se como voluntário, seguindo direto para o teatro das operações militares. Cerco de Uruguaiana. André faz amizade com o Conde D´Eu, que acompanha o imperador em visita ao campo de batalha. Morre, no Rio, sua mãe, Carolina Rebouças.


  • 1866 - Abril: André participa da luta em Passo da Pátria. Maio: André é atacado pela pneumonia. Junho: participa da defesa do Tuiuti, mas é novamente afastado da batalha, contraíra varíola. Julho: está de volta ao Rio e pouco depois, desliga-se do Exército. Outubro: Zacarias de Góis, ministro da Fazenda, nomeia André inspetor das alfândegas do Rio de Janeiro.


  • 1871 - Depois de dar início a inúmeras obras e empreendimentos, por motivos políticos André é demitido de seu cargo.


  • 1872 - Viaja novamente à Europa, onde se empenha em obter auxílio para Carlos Gomes, que acabara de compor a Fosca.


  • 1873 - Junho: depois de sua excursão pela Europa, André chega a Nova Iorque, onde sente o peso do preconceito racial. Julho: volta ao Brasil.


  • 1874 - Passa a evitar a vida social na Corte. Limita-se a publicar nos jornais artigos sobre os mais variados assuntos. Morre seu irmão Antônio.


  • 1880 - Morre Antônio Pereira Rebouças, pai de André. André, pelos jornais engaja-se definitivamente na campanha abolicionista. Consegue o cargo de professor da Escola Politécnica.


  • 1883 - É eleito tesoureiro da Confederação Abolicionista. É o grande financiador um dos que orientam a campanha no Rio de Janeiro.


  • 1884- Libertação dos escravos no Ceará, Amazonas e depois em Porto Alegre. Rebouças procura reagir à corrente republicana.


  • 1888 - É extinta a escravidão no Brasil. Rebouças procura reagir à corrente republicana.


  • 1889 - Proclamada a República, André acompanha a família imperial a caminho do exílio.


  • 1891- Morte de Dom Pedro II. Rebouças demonstra sinais de desequilíbrio emocional. Embarca para a África.


  • 1892- André se estabelece em Funchal, na Ilha da Madeira.


  • 1898- Encontrado seu corpo estendido no mar, ao pé de uma rocha, bem em frente ao lugar em que morava. Teria cometido suicídio. Tinha 60 anos de idade.

Notas Históricas: Rebouças fez parte da comitivade uma expedição que foi liderada pelo Conde D´Eu e pela Princesa Regente D. Isabel à antiga Reserva Biológica do Itatiaia (antigo nome do Parque Nacional do Itatiaia) que era ligado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em homenagem a Rebouças um dos abrigos do Parque passou a se chamar Abrigo Rebouças.


Expedicionários Itatiaienses na Força Expedicionária Brasileira - FEB



Expedicionários Itatiaienses na Força Expedicionária Brasileira -FEB
pelo acadêmico Carlos Lima da Silva


FEB – Força Expedicionária Brasileira na 2ª Guerra Mundial. A FEB, foi criada especialmente para combater na Segunda Guerra Mundial, contra as forças nazistas lideradas por Hitler. Nossos "pracinhas",combateram nos campos da Normandia, no chamado Dia D, na Normandia.
Pracinha é um termo referente aos soldados
veteranos do Exército Brasileiro que foram enviados para integrar as forças aliadas contra o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial. Os pracinhas, membros da Força Expedicionária Brasileira, lutaram na Itália e participaram de importantes batalhas, como a batalha de Monte Castello. Estes eram os soldados que estavam na linha de frente das batalhas.
Um dos motivos pelos quais Getúlio Vargas enviou os soldados brasileiros à
Europa foi o apoio e incentivo econômico do governo dos Estados Unidos, concretizados pelos Acordos de Washington, notável pelo empréstimo para a criação da Companhia Siderúrgica Nacionale da Companhia Vale do Rio Doce.
Como consolidação desse apoio, o governo americano implantou uma base militar americana no
nordeste do Brasil para lançar seu ataque às tropas inimigas na África. E o governo Brasileiro agilizou a realização do campânhia da extração de borracha pelo SEMTA, também contraditório pois programa teve o intuito de colonizar a Amazônia.
Participação na Guerra
Os pracinhas, ao lado dos estadunidenses e outras forças aliadas, foram importantes na conquista do sul da Itália, que acabaria por desestabilizar o governo de
Benito Mussolini.
Outro despreparo do Governo brasileiro foi enviar os soldados com uniformes que não os protegiam do frio do inverno europeu, um erro provavelmente devido ao fato de que era verão no
Hemisfério Sul. Isso fez com que os soldados tivessem que usar jornais para se protegerem do frio intenso.
No início dos confrontos, os soldados brasileiros levaram maiores baixas, pois além de não serem soldados de elite, estavam lutando contra os veteranos alemães, soldados que eram extremamente bem treinados e doutrinados, organizavam-se em pequenos grupos de combate e possuíam estratégias de combate de ataque rápido (Blitzkrieg) e de independência de ação no campo de batalha. Porém, ao desenrolar dos confrontos, os pracinhas ganhariam a melhor arma de todas: A experiência em combate e o conhecimento do inimigo. E foi com tais habilidades que os pracinhas conseguiram perpetuar seus nomes na história dos vencedores da II Guerra Mundial, após vencerem o Eixo europeu nas batalhas de Montese e Monte Castello.
A cor dos uniformes brasileiros era verde oliva ligeiramente claro, o que confundia com os utilizados pelos alemães. Por isso os soldados da FEB eram orientados a utilizar na linha de frente as jaquetas americanas, essas sim de cor predominante caqui, que as diferenciava do uniforme alemão. Quanto ao uso da rapadura, não existem evidências de que ela era utilizada com esta frequência pelos soldados brasileiros. Na verdade as tropas eram sempre alimentadas mesmo na linha de frente com alimento quente transportado em lombo de burro. As rações com altas fontes energéticas eras K e C americanas, consumidas apenas quando não era possível o abastecimento durante combates ou em patrulhas.O governo brasileiro enviava alimentação complementar como arroz e feijão, mas a base da comida dos soldados era típicamente americana.
Pracinhas na Áustria
Em maio de 1945, à convite dos generais do exército estadunidense, as tropas brasileiras foram convocadas para participar da ocupação da Áustria, que traria ao Brasil maior participação no contexto da Segunda Guerra Mundial, pois a ocupação nos países do Reich seria feita por EUA, URSS, Inglaterra, França e Brasil. Isso praticamente levaria o Brasil como detentor de uma das vagas permanentes do Conselho de Segurança da ONU, algo que hoje é tão almejado e que porém sofre críticas da Argentina e México.
A ocupação seria feita por homens da FEB que ainda não haviam sido enviados à Europa. Sua função principal seria a manutenção da paz na região, evitando problemas com revanchistas, e de auxílio, junto ao governo, na reconstrução de casas, hospitais, rodovias, ferrovias, pontes, e também para que o Estado austríaco pudesse retomar sua soberania na região.
Os Expedicionários Itatiaienses da Força Expedicionária Brasileira completaram 65 anos do DIA DA VITÓRIA em 2010 por suas contribuições em defesa da democracia e da liberdade mundial.
Integraram a FEB os seguintes Itatiaienses, em cuja memória foi erguido monumento existente na Avenida dos Expedicionários: Grunvald Carvalho, Iodarcil Ferreira, Carlos de Freitas, João Pantaleão Nunes, Enesir Gonçalves, Alberto Pereira e José Lopes.
Para estes bravos Itatiaienses confirmou-se este trecho de sua canção:
Por mais terras que eu percorra
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá. (para Itatiaia)
E que eu leve por divisa,
Este V que simboliza,
A vitória que virá!
A nossa vitória final!

Fonte:
Revista da Academia Itatiaiense de História – n.º 01 – 2005 – Alda Bernardes de Faria e Silva;
Wikipédia;
FEB – Força Expedicionária Brasileira – site;

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Francisco Inácio Marcondes Homem de Mello - Barão Homem de Mello - por Alda Bernardes de Faria e Silva







Barão Homem de Melo

Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, primeiro e único Barão de Homem de Melo, nascido em Pindamonhangaba, em 1º de maio de 1837 – falecido em 4 de janeiro de 1918 em Campo Belo (antigo nome de Itatiaia). Foi político, escritor, professor, cartógrafo, membro da Academia Brasileira de Letras e atualmente Patrono da Academia Itatiaiense de História e sem dúvida, um nobre brasileiro.
Filho do Visconde de Pindamonhangaba, o coronel da Guarda Nacional Francisco Marcondes Homem de Melo e de Ana Francisca de Melo. Muito jovem foi enviado para estudar no seminário da cidade mineira de Mariana. Concluídos os preparatórios, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se formou em 1858.
Voltando para a terra natal, ingressou na política pelo Partido Liberal, elegendo-se vereador e logo presidindo a câmara (1860-1861).
Foi nomeado professor concursado de “História Universal” do Colégio Pedro II, na capital do Império, Rio de Janeiro, onde lecionou até 1864, quando foi exonerado, a pedido, por ter sido nomeado presidente da província de São Paulo. Iniciou então sua vida pública, interrompida com a Proclamação da República.
Retorna, então, para o magistério, à cartografia e à literatura. Foi professor de história e geografia do Colégio Militar do Rio de Janeiro e de mitologia na Escola Nacional de Belas Artes, lecionando depois história das artes.
Membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (ingresso em 1859, dele sendo o presidente, posteriormente), do Instituto Histórico de São Paulo, do Instituto Geográfico Argentino, e da Academia Brasileira de Letras. O Barão de Homem de Melo também dirigiu a Biblioteca Nacional – dentre inúmeras outras instituições.
Ele não teve filhos, em dois casamentos. O primeiro, com sua prima Maria Joaquina Marcondes Ribas, da qual ficou viúvo, casando-se novamente com Julieta Unzer.
Dos títulos recebidos devo citar os seguintes:
- Comendador da Imperial Ordem da Rosa – 1867;
- Barão – 1877;
- Major honorário do exército brasileiro.

Vida Pública

Intensa e importante vida pública exerceu o Barão Homem de Melo. Além do cargo de vereador e do governo de São Paulo, presidiu ainda as províncias do Ceará (1865-1866), do Rio Grande do Sul(1867-1868) – quando organizou o III Exército, sob o comando do general Osório, para a luta na Guerra do Paraguai – e a da Bahia, de 1878 a 1879.
Foi deputado por São Paulo (1867-1868) – mandato cassado pela dissolução da Assembléia, restituído em 1878.
Foi diretor do Banco do Brasil em dois períodos, e ainda Inspetor da Instrução do Rio de Janeiro, cargo cumulado ao de presidente da Companhia Estrada de Ferro Rio-S.Paulo(Estrada de Ferro D. Pedro II). Foi enquanto presidente desta que recebeu o título de Barão, quando da inauguração da linha entre São Paulo e Cachoeira Paulista.
Em 1880 integrou o Gabinete Saraiva, como ministro de negócios do Império.
Barão Homem de Melo foi combativo abolicionista. Apesar de favorável à causa, não fez - se republicano – o que provocou seu afastamento da política, quando da mudança de regime.
Em 1917 o Barão Homem de Melo foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, encontrava-se altamente enfermo, com sérios problemas de saúde e onde hospedava - se na Pensão de Dona Apolinária, no Centro de Campo Belo – atual Itatiaia-RJ. E por razões óbvias de sua saúde, não chegou a tomar posse, pois faleceu antes disso, em 4 de janeiro de 1918. O primeiro médico recém-formado nesta época, Dr. Roberto Bernardes Cotrim assinou o atestado de óbito, do então ilustre Barão Homem de Melo. A antiga Estação Ferroviária Campo Belo foi denominada Estação Barão Homem de Melo, em sua homenagem e é lembrado por todos os historiadores e biógrafos brasileiros.
O nosso ilustre Presidente e Emérito Fundador da Academia Itatiaiense de História Cel. Cláudio Moreira Bento, ocupa a cadeira de n.º 01, cujo Patrono é o ilustre Barão. Suas contribuições foram notórias à Educação Pública, à Política e ao nosso relevante e aguerrido Exército Brasileiro. Meus mais sinceros agradecimentos ao nobre Cel. Cláudio Moreira Bento – Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil pelo reconhecimento e apreço. (Discurso proferido em 04 de setembro de 2010, no Centro de Reabilitação do Exército de Itatiaia Max Wolff – CRI, posse na Academia de História Militar Terrestre do Brasil)
Alda Bernardes de Faria e Silva – membro do IEV, ARDHIS, ACIDHIS, AHTMB, Academia de Letras e Artes do LIONS CLUBE do Rio de Janeiro.
Fontes de Pesquisa:
· Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo – Wikipédia, a enciclopédia livre;
· Bento, Cláudio Moreira – Biografia do Barão Homem de Mello - Anais 1993 – Academia Itatiaiense de História;
· Dicionário das Famílias Brasileiras;
Revisor do Texto: Professor Carlos Lima da Silva – membro da ACIDHIS, AHMTB;

Historiadores Itatiaienses são condecorados pela Academia de História Militar Terrestre do Brasil no Centro de Recuperação - Sgto Max Wolff - CRI


No dia 04 de setembro de 2010, às 15:00 horas, realizou-se a Sessão Solene de Posse da Academia de História Militar Terrestre do Brasil da professora Alda Bernardes de Faria e Silva – Presidente da Academia Itatiaiense de História e do professor Carlos Lima da Silva – secretário e coordenador geral da ACIDHIS, no Centro de Recuperação Sargento Max Wolff – CRI – Itatiaia.
Cerca de 30 pessoas, entre civis e autoridades estiveram presentes ao evento.Várias representações estiveram presentes: da Prefeitura Municipal de Itatiaia – Sra. Dagmar de Rezende, representando o Prefeito Municipal; a Vice-Prefeita Gilda Molica de Lana; Major Fraga representou o Diretor Comandante do CRI – Cel. R1 Dr. Fernando Augusto de Araújo Oliveira; o presidente da ARDHIS – professor Marcos Cotrim de Barcellos esteve também presente; houve ainda representação do General Pujol, comandante da AMAN, fez-se representar pelo coronel Dornelles. Ainda contou-se com as presenças das professoras Eliana Gouvêa e Eliane Barros, o montanhista Paulo Zikan, arquiteta Ednamara Gouvêa, Cel. Dr. Estevão Correa Neto, Cel. Dr. Flavio Arruda, coronel Amorim e esposa; Dr. Rodolpho Kreter; D. Rosa Maria Cotrim de Barcellos, além de sua nora Carla de Carvalho. e pela AEDB – Associação Educacional Dom Bosco houve representação pelo professor Júlio Fidélis que também faz parte da AHMTB. O presidente da Academia de História Militar Terrestre Militar do Brasil, Cel. Cláudio Moreira Bento fez a oração de posse de Alda Bernardes de Faria e Silva que tomou posse como acadêmica e fez ainda a oração de posse do professor Carlos Lima da Silva como Sócio Correspondente. A Sessão terminou com os informativos dados pelo Presidente e um coquetel foi servido aos presentes.

sábado, 21 de agosto de 2010

O Rio Paraíba do Sul




O rio Paraíba do Sul é um rio brasileiro que banha os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O rio Paraíba do Sul nasce na confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, no município de Paraibuna, estado de São Paulo, percorre um pequeno trecho do sudeste de Minas Gerais, fazendo a divisa natural deste com o estado do Rio de Janeiro, atravessa grande parte desse último e tem sua foz no Oceano Atlântico próximo à cidade de São João da Barra. Seu percurso total é de 1.120 km, no sentido oeste para leste.
Os principais afluentes do rio Paraíba do Sul são o Jaguari, o Buquira, o Paraibuna, o Piabanha, o Pomba e o Muriaé. Esses dois últimos são os maiores e deságuam, respectivamente, a 140 e a 50 quilômetros da foz. Entre os sub-afluentes, está o rio Carangola, importante rio da bacia do rio Paraíba do Sul, posto que serve a duas unidades da federação, o Estado de Minas Gerais e o Estado do Rio de Janeiro.
Foi neste rio que encontraram a estátua de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em meados de 1717.

Fonte: Wikipédia

ITAMAR BOPP - O MAIOR HISTORIADOR DA REGIÃO DAS AGULHAS NEGRAS


Nasceu em 21 de dezembro de 1902 em Tupanricetã, estado do Rio Grande do Sul, filho de Alfredo Bopp e de Josefina Kroeff. Faleceu em São Paulo, em 21 de setembro de 1992, prestes a completar 90 anos e ainda muito lúcido..
Gaúcho de nascimento, em suas múltiplas peregrinações pelo Brasil adotou a cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro, berço de sua esposa Silvia Miranda, como a sua verdadeira terra, após viver de 1930 a 1933 movimentada passagem por ali, no contexto da Revolução de 30.
Foi Tabelião do Registro de Títulos e Documentos de Resende. Nos anos 50 estudou heráldica com o conhecido historiador, o Professor Enzo da Silveira e outros. Autor do brasão de armas adotado pela Câmara Municipal em 29 de novembro de 1959.
Ainda estudante em Santa Maria, Rio Grande do Sul, teve seu interesse despertado para a filatelia – área em que chegou a ter expressão internacional, ganhando 14 medalhas de ouro, com uma coleção que incluía mais de 100 selos “olho de boi”. Foi Presidente da Sociedade Filatélica e da Federação das Associações Filatélicas do Estado de São Paulo. Da filatelia para a genealogia foi um passo, e baseado em documentos primários conseguiu reunir mais de 80.000 registros genealógicos dos primeiros resendenses.
Recebeu o título de “Cidadão Resendense”, homenagem concedida pela Câmara Municipal de Rezende, a 27.08.1959.
Pertenceu a diversas entidades dedicadas à história, às letras e à genealogia: Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Instituto Genealógico Brasileiro, Instituto Histórico de Niterói, Instituto de Estudos Valeparaibanos, Instituto Histórico e Geográfico Campanhense - MG, Instituto Histórico e Artístico de Parati - RJ, Sociedade Geográfica Brasileira, Sociedade Sul-riograndense, Ordem Nacional dos Bandeirantes, União Brasileira de Escritores, Academia Angrense de Letras e Artes, Academia de Letras Municipais do Brasil – além de inúmeras outras associações filatélicas.
No Colégio Brasileiro de Genealogia, ascendeu a Sócio Titular em 10 de abril de 1992, cinco meses antes de seu falecimento.
Foi grande pesquisador da região onde residia, sobre ela publicou monumental obra histórica. Alguns trabalhos de sua autoria:
- Resende – os cem anos da Cidade - 1848-1948 – seu primeiro trabalho, com a colaboração do Coronel José Alfredo Sodré - 1948;
- Notas Genealógicas e histórias do: bandeirante Roque Bicudo Leme; sertanista Coronel Simão da Cunha Gago; vigário Felipe Teixeira Pinto, donatário Cel. Fernando Dias Paes Leme da Câmara - . São Paulo, 1987;
- Primeiros povoadores de Resende: Roque Bicudo Leme – Achegas a genealogia paulista de Silva Leme. Ramos paulistas e fluminenses - Revista Genealógica Latina, vol. 8, nº 8 – 1956;.
- Primeiros povoadores de Resende: Soares Louzada - Revista Genealógica Latina vol. 9-10, nº 9-10, 1957/1958;.
- Primeiros povoadores de Resende: Família Pinto de Abreu - Revista Seleções Católicas, 1959. Nota: Deste trabalho foi feita separata, no mesmo ano de 1959, com o título: Primeiros povoadores de Resende (Subsídios à Genealogia Fluminense), 11 págs., São Paulo, 1959. Na segunda página, o autor adverte: “Com o objetivo de ampliar a divulgação de dados genealógicos, obtidos em fonte absolutamente seguras, é que publicamos esta separata, de artigo inserido na revista mensal « Seleções Católicas », a fim de ser gratuitamente distribuída.”
- O Primeiro Padre na Matriz de Resende - Revista Seleções Católicas, 1960;
- Primeiros povoadores de Resende: familia Visaconde do Salto - Revista Genealógica Latina, vol. 12, n.12, 1960;
- Correio de Dom Pedro I – no 7 de Setembro de 1822 - Revista Seleções Católicas, 1961;
- Primeiros casamentos na Matriz de Resende – ns. 1-108 – anos 1762 a 1779 - Revista Genealógica Latina, vol. 13, n.13, 1961;.
- Primeiros casamentos na Matriz de Resende – ns. 109-158 – anos 1784 - Revista Genealógica Latina, São Paulo, vol. 14-15, n.14-15, 962/1963;
- Primeiros casamentos na Matriz de Resende – ns. 159-182 – anos 1784, in Revista Genealógica Latina, São Paulo, vol. 16-17, n.16-17, p.29-33, 1964/1965.
- Primeiros casamentos na Matriz de Resende – ns. 183-226 – anos 1784 a 1792 - Revista Genealógica Latina, vol. 18-19, n.18-19, 1966/1967.
- Centenário do nascimento de Alfredo Bopp e sua descendência - Revista Genealógica Latina, vol. 18-19, n. 18-19, 1966/1967;
- Primeiros casamentos na Matriz de Resende – ns.227-299 – anos 1792 a 1799 - Revista Genealógica Latina, vol. 20, n.20, 1968;.
- Resende – Casamento 547 – Subsídio Genealógico – Família Gomes Jardim - 1968.
- Resende – Casamento 1000 – em Notas Genealógicas do Dr. Carlos da Silveira, e outros. Editado sob o patrocínio dos Institutos Genealógico Brasileiro, e Histórico e Geográfico de São Paulo, 1970.
- História do Correio de Resende; O selo da República com o carimbo de 1-II-1890; Os carimbos de Resende - e outros publicados em revistas filatélicas;
- Notas Genealógicas: 1.ª Parte: Casamentos na Matriz de Resende – ns.300 a 500; 2.ª Parte: Subisídio genealógico – Família Carneiro de Azevedo Maia; 3.ª Parte: Primeiros Povoadores de Resende, Novas notas genealógicas ao Casamento 704 – Família Rocha Correia - Biblioteca Genealógica Latina, vol. 6, 1971, .
Inéditos:
- Notas Genealógicas e Centenário de Antonia Freire;
- História do Município e a instituição dos Correios e carimbos postais 1829-1889.
- Resende – Casamento 610 – Subsídio da Família Pereira Barreto .
- Resende – Casamento 701 – Subsídio da Família Villaça.

UMA HISTÓRIA QUE RELUZ AINDA NOS DIAS DE HOJE


USINA VELHA DE ITATIAIA





A Usina de Luz Elétrica, mais conhecida por Usina Velha – distava de 1,5 kilômetros do Centro de Reabilitação Sargento Max Wolff – CRI.
Antes de ser transformada em Usina de Luz, em terras pertencentes à Fazenda Bicame, antiga propriedade do Visconde de Mauá, proprietário da Fazenda Monte - Serat que compreendia toda aquela região.
Foi antiga fazenda cafeeira.
A Usina Velha foi criada pelo Dr. Eduardo Augusto Torres Cotrim e por um Neozelandês.
A partir de 1910 a 1911 a Usina de Luz foi instalada naquelas cercanias e Campo Belo passava a receber esse tipo de serviço de manutenção e o que era incrível foi que Resende que era a cidade não desfrutava disso, até que poucos anos depois, foi desativada; quando o Dr. José Custódio Cotrim montou ali um alambique de aguardente.
E com o passar do tempo nada ali mais funcionou. Até que a Prefeitura de Itatiaia fez de lá o Centro de Captação de Água Campo Bello.
Hoje, a estrada da Usina Velha encontra-se em péssimo estado de conservação.

Fonte: Alda Bernardes de Faria e Silva
Rosa Maria Cotrim de Barcellos
Copyright2010@direitosreservados – Academia Itatiaiense de História

HISTÓRIA - CATOLICISMO EM ITATIAIA

PADRES E VIGÁRIOS DA PARÓQUIA CAMPO BELO – ITATIAIA


Em 1839, D. Silvéria Soares Lucinda, doou uma área de terreno para que se levantasse uma capela sob a invocação de S. José.
Em 5 de abril de 1839, a lei Provincial instituiu o Curato de São José. Nomeado o Padre Francisco de Oliveira e Silva, funda a Irmandade de S. José do Campo Belo em 23 de agosto de 1844.
Em 1863, assumiu a direção espiritual da freguesia, o Padre Joaquim Thomaz de Aquino, que paroquiou por mais de 16 anos, prestando grande serviço aos mais necessitados. Tanto que em 1865, um surto de varíola em Campo Belo, o Padre Aquino fez-se de enfermeiro e por várias vezes, carregava cadáveres e com suas próprias mãos abria-lhes o covão no cemitério.
Foi ele o reconstrutor da Capela, transformando-a em Matriz de São José.
Faleceu em 27 de Janeiro de 1880. Em 1881 é nomeado vigário de Campo Belo, o Padre Benito Carrera.
Monsenhor Mariano Capellini é nomeado em 1902, vigário de Campo Belo. Funda em sua Paróquia o Apostolado do Sagrado Coração de Jesus.
Em 1904 é nomeado vigário de Campo Belo, o padre Paulo Cortes.
Em 1916, o Bispo D. Benassi, visita a sede da freguesia de Campo Belo que, festivamente recebe o ilustre prelado. Durante a visita episcopal são crismadas 1.120 crianças e ministrada 2.800 comunhões.
Em 1926 é nomeado vigário, com jurisdição em Campo Belo, o padre Cícero Machado Sales, Monsenhor José Sundrup, cura desde 1930, servindo a Paróquia de Itatiaia.
Figura que se elevou na simpatia do povo, um verdadeiro “Bom Pastor”, percorria a cavalo, em estradas inacessíveis, semeando a caridade entre ricos e pobres. Sua lembrança permanece na nossa História.
Em 1944, Monsenhor Ludovico Stanuch, como vigário substituto e nomeado para a Igreja Matriz de S. José em Itatiaia. Faleceu em 7 de Julho de 1985 em Resende.
O Padre José Wyrwinswki de origem polonesa, radicado em Itatiaia desde 1962, encontra a matriz em ruína em algumas partes.
O Padre José toma a frente da construção do templo, do salão e da Casa Paroquial.
Permanecendo em Itatiaia por 40 anos com muitas histórias envolvendo trabalho, solidariedade, amor, cidadania, deixando muita saudade, desde o início de sua caminhada na Paróquia de Itatiaia.
Faleceu em 11 de março de 2002.
Hoje a matriz de Itatiaia é dirigida pelo Padre João Solak, polonês, atual dirigente da Matriz de São José.

Alda Bernardes de Faria e Silva
Presidente
Acadêmica – cadeira n.º 04 – Cel. José Mendes Bernardes

Smel recebe doação e homenageia Alda Bernardes



ITATIAIA A Secretaria de Esporte e Lazer (Smel) realizou ontem à tarde, no Estádio Municipal Antônio Corrêa, no Centro, uma solenidade especial para o recebimento de doação de materiais esportivos feita pela historiadora e educadora Alda Bernardes de Faria e Silva destinadas ao Programa Iniciação Esportiva – Futebol. O evento contou com a presença do secretário Jorge Fumaça Barbosa da Silva, que entregou à benemérita Alda Bernardes um certificado de agradecimento pelo apoio ao esporte. “É com muita felicidade que recebo, em nome de todos os nossos alunos, esta doação. Ficamos todos muito sensibilizados com este gesto feito pela historiadora Alda, uma itatiaiense ímpar que sempre contribuiu para o desenvolvimento do município e a quem tenho orgulho de contar não somente com a amizade, mas com o apoio”, diz o secretário Jorge.Alda Bernardes é formada em Educação Física, e num ato de sensibilidade e carinho resolveu contribuir na formação esportiva dos jovens da cidade. Foram doados 44 pares de chuteira, 95 pares de meião, 89 calções, 89 coletes para treinos, sete bolas e uma bomba de ar. “Vi uma foto, em uma reportagem (publicada no A VOZ DA CIDADE do dia 6), dois meninos treinando descalços. Vendo isso, entrei em contato com o Jorge e resolvi fazer a doação dos materiais”, conta Alda, que é presidente da Academia Itatiaiense de História (Acidhis) e foi uma das primeiras professoras de Educação Física da cidade.O secretário Jorge Fumaça diz que a doação feita pela historiadora comoveu os funcionários da Secretaria de Esporte e Lazer, que vêm buscando parcerias com empresas e pessoas físicas para colaborarem com o desenvolvimento dos programas esportivos oferecidos a crianças e adolescentes no município. “Contamos hoje com aproximadamente 400 jovens em atividade em nosso programa de futebol, e sempre mantemos contato com pessoas e empresas que queriam contribuir, colaborando de alguma forma com o futuro da nossa juventude. Essa doação nos deu um gás a mais para seguir acreditando que parcerias ainda são possíveis”, comenta o secretário Jorge, destacando que o prefeito Luis Carlos Ypê (PP) vai marcar para breve um encontro com Alda Bernardes para agradecê-la pessoalmente pelo gesto.O evento contou com a participação de aproximadamente 60 crianças e adolescentes que fazem parte do programa e fizeram questão de agradecer, um a um, o carinho demonstrado por Alda Bernardes. Estiveram presentes ainda o diretor de Esporte Lazer, Alessandro Souto, e demais funcionários da Smel; o secretário geral da Acidhis, professor Carlos Lima; a assessora de imprensa da presidência da câmara, jornalista Matilde Basílio; e assessora da prefeitura, Dagmar Rezende.
Fonte: JORNAL A VOZ DA CIDADE - jornalista Tiago Fumaça

sábado, 14 de agosto de 2010

Presidente da Academia Itatiaiense de História entrega material esportivo destinado ao Programa Iniciação Esportiva - Futebol - 13 de agosto de 2010


Presidente da Academia Itatiaiense de História entrega material esportivo destinado ao Programa Iniciação Esportiva – Futebol
Itatiaia-RJ, 13 de Agosto de 2010.


A Historiadora Alda Bernardes de Faria e Silva – Presidente da Academia Itatiaiense de História participou da entrega de material esportivo na última quinta feira, dia 13 de agosto no Estádio Municipal Antônio Corrêa. O evento teve a participação do secretário de Esporte e Lazer, Jorge Barbosa da Silva, o diretor de Esporte e Lazer, Alessandro Souto, e demais profissionais da SMEL; além desses, estiveram presentes o professor Carlos Lima, secretário geral da ACIDHIS, a assessora de imprensa da presidência da Câmara Matilde Basílio e a assessora da prefeitura, Dagmar Rezende. Cerca de 60 crianças e adolescentes participaram da cerimônia de entrega. Foram doados 44 pares de chuteira, 95 pares de meião, 89 calções, 89 coletes para treinos , sete bolas e uma bomba de ar. Alda conta que após ter visto uma reportagem em um jornal local ficou sensibilizada ao ver crianças jogando descalças, o que a levou a esse ato de solidariedade.

Fonte: professor Carlos Lima - secretário e coordenador geral da ACIDHIS

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Caravana Pereira Barreto
Autor José Eduardo de Oliveira Bruno
Antes de falar da caravana, é necessário e mister que se faça uma introdução a respeito de Luiz Pereira Barretto que foi o mais ilustre membro de uma tradicional família de cafeicultores no século XIX.Seria interessante inicialmente esclarecer o leitor, para que se tenha “a priori” uma noção sumária,de quem foi este personagem,atualmente tão esquecido pelos seus patrícios e conterrâneos.
Se você gosta de café, guaraná, cerveja e vinho, com certeza vai se deliciar com a história dele!
Dr. Luiz Pereira Barretto, é uma das mais significativas figuras do pensamento nacional.Viveu oitenta e três anos,nascendo em Resende-RJ à 11 de janeiro de 1840 e falecendo em São Paulo à 11 de janeiro de 1923.Desde 1864, quando retornou ao Brasil, após graduar-se, começou a desempenhar um importante papel na vida científica e intelectual brasileira.
Filho do Com. Fabiano Pereira Barretto, resendense e figura de maior projeção no cenário político e social do município, alcançando todos os mais importantes postos da representação política local. Seu pai foi uma personalidade com um espírito dos mais adiantados e operosos da época, fazendo de sua fazenda “Monte Alegre”(1) na então freguesia da Vargem Grande, um campo de demonstração prática da adaptação das terras resendenses às novas culturas, como a exploração do plantio de chá,a experimentação da cultura do café,tipo Bourbon, até então desconhecida no Brasil, a plantação de tabaco, ...etc.
Sua mãe chamava-se Francisca de Salles Barretto, prima de seu pai, e de tradicional família de Guaratinguetá – SP.
Em Resende, aprendeu as primeiras letras,fazendo ainda parte de seus preparatórios no Colégio Brasil, de Joaquim Pinto Brasil,depois concluindo seus estudos no Colégio João Carlos em São Paulo. Posterior mente seguiu para Bélgica com o objetivo de estudar medicina,porém não pôde ingressar imediatamente na Universidade de Bruxelas,pois era exigido dos estudantes um conhecimento mínimo de grego, que Barretto não tivera oportunidade de estudar no Brasil. À vista de tal exigência,passou um ano a estudar o grego, e no ano seguinte iniciou seus estudos superiores em ciências naturais e medicina. Em 1864 doutorou-se com “grande distinção”, tendo recebido um convite de seus mestres para “agrégé” da universidade, continuando como professor,a brilhante carreira que principiou como aluno.Entretanto, saudoso de sua pátria,que não visitava há muito tempo, Barretto, mesmo pensando em continuar na Bélgica, quis vir antes ao Brasil, onde seus planos seriam modificados e sua vida tomaria outros rumos.
Em 1865,revalidou seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro defendendo a tese de suficiência: “Teoria das Gastralgias e das Neuroses em Geral”, clinicando em Resende até 1869, quando transferiu-se para Jacareí, onde se casou com Carolina Peixoto(2), aos 28 anos de idade.
Positivista ortodoxo,inicialmente,pois durante sua permanência na Bélgica,o jovem estudante transformar-se-ia em um discípulo apaixonado das doutrinas de Augusto Comte, tornando-se um positivista integral.Chegou a publicar algumas importantes obras de cunho positivista,t ais como: As Três Filosofilosofias;
Soluções Positivas da Política Brasileira; Positivismo e Teologia, que muito influenciaram a intelectualidade da época.O Positivismo no final do século passado e início do XX, exerceu forte influência não só na intelectualidade, mas também entre a classe política e militar,pois o lema de nossa bandeira“Ordem e Progresso”, foi fundamentado no preceito positivista “Amor como princípio, Ordem como base e Progresso como fim”.
Durante sua formação na Europa, com os amigos brasileiros Joaquim Alberto Ribeiro de Mendonça e Francisco Antônio Brandão Junior, Luiz Barreto dedicou-se ao estudo de filosofia, principalmente do positivismo. Tornou-se amigo de Pierre Laffitte, discípulo de Auguste Comte, o fundador da doutrina positivista. O positivismo é uma filosofia materialista, mas empírica , que propõe respeitar os passos do homem como inventor e herdeiro da história. Essa filosofia está intimamente ligada à moral cristã ortodoxa. E isso marcou a formação de Luiz Barreto. Tanto que, de volta ao Brasil em 1864, escreveu a Laffitte, em 14 de dezembro suas impressões da terra natal: “a doutrina regeneradora não encontrará aqui muita oposição. As câmaras legislativas estão no auge do descrédito e o clero, em desordem, só continua a subsistir pela tolerância da população que não encontra coisa melhor. Os padres são ignorantes e de sórdida falta de vergonha. Só fazem destruir os bons resultados da influência dos Jesuítas”.
Em 1876, Pereira Barretto pressentindo que o café no Vale do Paraíba estava com os seus dias contados,devido a exaustão das terras,pois o café era tratado quase como riqueza extrativa,cobrava caro o desleixo empírico com que era cultivado.Começou publicar uma série de artigos na imprensa de São Paulo sobre a “terra roxa” do “Oeste” paulista (3) que com sua fertilidade maravilhosa seria o novo campo de ação da cafeicultura brasileira.
Considerado o primeiro agrônomo do Brasil, ele escreveu uma série de artigos sobre as causas do declínio da cultura do café em terras fluminenses – na sua opinião, principalmente pela falta de adubação – e sobre as vantagens da “terra roxa” , publicados no jornal “A Província de S. Paulo”, nos dias 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 10 de dezembro de 1876, que,sem sombra de dúvidas, podemos afirmar, que foi de fato, a Certidão de Nascimento de Ribeirão Preto.
Os textos duros,porém realistas com sua terra natal fluminense (“não se precisa ser profeta para avançar, sem receio de errar, que os seus dias estão contados e que o mais sombrio prospecto de futuro já ameaça e a domina efetivamente”) e generosos com a “terra roxa” (“...Não é possível deixar de ao menos assinalar a espessura da camada do terreno roxo. É esta espessura que torna as terras do Oeste sem rivais no mundo e que distância a perder de vista a sua lavoura da do resto do império”).
Foi o começo do êxodo por parte dos cafeicultores do Vale do Paraíba, sobretudo de Resende(4), pois ecoava a voz do ilustre patrício como grande era o prestígio junto a sua originária grei.
Verdadeira expedição conquistadora se desloca de Resende em direção ao“Oeste”paulista em busca de um novo campo de ação. Inicialmente, são os “Barrettos”,homens de recursos, ativos, sertanistas e inteligentes que lançaram diversas lavouras naquela região,disseminando princípios racionais de agricultura num meio até então considerado inóspito. Introduziram o café Bourbon que se espalhou vertiginosamente por todo o “Oeste”paulista, desta forma trazendo a riqueza e a prosperidade que tomariam conta da economia da região e fariam Ribeirão Preto se tornar o novo “Eldorado do Café”.
Ribeirão Preto no início do século tinha sua população constituída de 2/3 de fluminenses, sendo Resende o ponto em que a migração se revelou em maior amplitude (5).
“Vamos para São Simão que os cafés daqui não dão”(6) - era a crítica manifestada numa marchinha de Carnaval em Resende na década de 70 do século XIX, que refletia a decadência da produção cafeeira fluminense como um todo, especialmente a resendense,pelo cansaço das terras e principalmente pela falta de mão-de-obra escrava, conseqüência da proibição do tráfico de escravos e das leis do Ventre Livree dos Sexagenários.
Assim, em janeiro de 1876,o coronel José Pereira Barretto,irmão de Luiz,seu filho Fabiano, o‘Bizinho’, seu sobrinho Antônio de Paulo Barreto Ramos e seus irmãos Miguel Pedroso Barretto e Francisco Pereira Barretto,saíram em expedição para conhecer as terras do então, “Oeste” paulista. Da Estrada de Ferro Pedro II, hoje Central do Brasil, seguindo até Cachoeira Paulista, ponto então terminal dessa via férrea. Ali chegados, em janeiro de1876, acompanhados de escravos pagens, transportando enormes cargueiros, que haviam partido antes pela estrada de rodagem, margeando a várzea do Paraíba, prosseguiram até Jacareí,onde os aguardava o Dr.Luiz Pereira Barretto,pronto para acompanhá-los às plagas tão faladas do “Oeste paulista”. Depois de uma demora de alguns dias em Jacareí, para descanso das fadigas que lhes trouxera a grande caminhada ao longo do Vale do Paraíba, os ilustres Barrettos, seguros no feliz êxito da aventura a que iam entregar-se, puseram-se de novo a caminho do “Oeste paulista”,através da expedição que integravam,depois conhecida como a : “Caravana Pereira Barretto”(7).
Partindo de Jacareí, os Barrettos passaram por Camanducaia e Ouro Fino, em Minas Gerais e Espírito Santo do Pinhal, já na província de São Paulo. Depois chegaram a Casa Branca. A partir daí, foram guiados pelo coronel Hipólito de Carvalho, que conheceram naquela cidade. O entusiasmo para com as terras paulistas era tão notório que o Dr.Luiz disse ao guia Hipólito, enquanto descansavam num hotel: “Estamos maravilhados... São Paulo dentro de poucos anos será o maior empório cafeeiro do mundo. Para isso, só lhe faltam fáceis meios de transporte. Felizmente o paulista é inteligente e empreendedor e, em breve, fará com que estradas de ferro rasguem todos os seus sertões. Assim, a imigração virá!”.
De Casa Branca, os Pereira Barretto chegaram à Fazenda Cravinhos, de 800 alqueires,que foi comprada de Antônio Caetano por Luiz Pereira Barreto, por 36:000$000 (trinta e seis mil contos de réis), algo entre R$ 300 mil e R$ 400 mil atualmente (em torno de 150 ou 200 mil dólares). Nesse período, embora existissem outras propriedades na região, inicia-se a formação da cidade de Cravinhos. O local onde hoje se encontra a cidade foi a Fazenda Cantagallo, de 80 alqueires, também comprada por Luiz Pereira Barreto, de Domingos Borges, ao valor de 600$000 (seiscentos mil réis).
Com a compra da ‘Cravinhos’ (hoje pertencente ao empresário Luís Biagi), os Barrettos retornaram a Resende, para prepararem a mudança definitiva para a região de Ribeirão Preto naquele mesmo ano, em novembro 1876. Voltaram com as famílias completas, equipamentos agrícolas e cerca de 60 escravos para iniciar o plantio do café. E o café não era mais o Typica,o comum nacional, mas o Bourbon,trazido por Luiz Barretto da Fazenda Vargem Grande, em Resende, onde ele, com seus conhecimentos agronômicos, fizera multiplicar sementes trazidas da Europa.
Derrubaram,ceifaram e queimaram matas virgens. Foi um ceifar sem piedade, naquele “oceano” verde.
Derrubadas as matas, vieram as queimadas gigantescas, cobrindo toda a terra de cinzas, para que estas, qual novo Fênix, surgisse a grande lavoura cafeeira, que foi durante muito tempo, o esteio daquela região. Ao fim de três anos,os Barrettos possuiam as mais famosas lavouras da região do excelente café Bourbon, com as sementes trazidas da Fazenda Monte Alegre na Vargem Grande em Resende-RJ.
A geada de 1870,parecia uma advertência contra a tentativa do aproveitamento do “Oeste paulista para a lavoura cafeeira em grandes extensões...
Qual nada – sentenciava confiante, certo do bom êxito, o Dr.Luiz Pereira Barretto aos irmãos. – “Não tenhamos medo; plantemos café aos milhões, que a sua defesa contra a geada é uma simples questão de enxada...A imigração européia ai está às portas..”.- Perfeitamente, Lulu – replicou o seu irmão Miguel. – “Não devemos ter medo do futuro... Ribeirão Preto é uma terra abençoada...! Deus o fez e perdeu a receita...!”
Contudo,os Barrettos não esmoreceram, plantaram o cafezal na região,em sua maioria, o excelente ’Bourbon’,garantidor da primazia cafeeira paulista,das sementes trazidas cuidadosamente de Resende, como ‘pepitas de ouro’,quando da mudança deles para a região das terras roxas “encaracoladas”, também vulgarmente conhecidas por “sangue de tatú”.
O café ‘Bourbon’, nasceu por experiência de fecundação por hibridação do café Libéria com o café Comum, realizada pelo Dr.Luiz Pereira Barretto,na Fazenda Monte Alegre na Vargem Grande em Resende.O seu irmão Francisco Pereira Barretto,encontrando-se no Rio de Janeiro, na residência de um amigo,conheceu o comandante de um navio cargueiro, que trouxera da África, embalagens de bambú com mudas de café Libéria,que tinha uma qualidade diferente do café vulgarmente conhecido no Brasil,que era o denominado como café Comum.
Comprou várias mudas por um alto preço na ocasião e levou para Resende, plantando-as na horta da Fazenda Monte Alegre e algum tempo depois, principiam a nascer ao redor das mudas do Libéria,umas quarenta ‘orelhas-de-onça’,denominação dada ao café quando nasce.
Desenvolvendo-se as ‘orelhas-de-onça’,observaram os Barrettos,uma diferença entre elas e as plantas do “Libéria”, bem como, com o café “Comum”. Tempos depois, foram as plantinhas separadas e cuida-dosamente transplantadas para covas definitivas. Na primeira floração do “Libéria”, Dr. Luiz Pereira Barretto verificou tratar-se de café inferior,selvagem,pois era exagerado o tamanho das flores. Perdida essa florada,na segunda resolveu o grande cientista provocar a fecundação artificial das flores do Libéria” com as do café resultante das sementes nascidas nas embalagens e com as do café Comum.
Portanto, feita a delicada operação,assinalou as flores fecundadas e algumas dessas flores vingaram, e os frutos,quando maduros, foram colhidos, plantados e convenientemente tratados. Contudo, vingaram cinco pés , apenas.
Eram plantas lindas, com as características de excelente qualidade, e completamente diferentes do Libéria e dos demais. Com o produto desses cinco pés,ao cabo de quatro anos, os Barrettos iniciaram a plantação de regular cafezal de Bourbon, nome com que foi batizado pelo Dr. Luiz Pereira Barretto, o novo café obtido, apesar de aconselhado por amigos, para que lhe fosse dado a denominação de café “Barretto”.A preferência foi por se lembrar o Dr. Barretto, ter conhecido nas estufas da Universidade de Bruxelas, uma qualidade de café muito semelhante aquele, conhecido pelo nome de “Bourbon”. Daí a história da famosa variedade conhecida pelo nome de café “Bourbon”que se destacou pela grande produção de seus arbustos de 2 a 3 mts. de altura, de forma mais ou menos cilíndrica com folhas verde-claras e quando maduras ficam verde escuras, elípticas, levemente coriáceas, com lâmina e margem mais ondulada do que a variação typica.
Em 1876, quando de sua mudança para Cravinhos, no “Oeste” paulista, os Barrettos levaram nos cargueiros transportadores da bagagem, cuidadosamente, como pepitas de ouro, sementes do ‘bourbon’ resendense,daquele cafezal abençoado,resultante da feliz fecundação feita pelo sábio Dr.Luiz Barretto, as quais foram plantadas na Fazenda Cravinhos.
Luiz Pereira Barretto, vibrante de fé e entusiasmo, inoculou em todos, em memorável campanha de propaganda, a confiança necessária para o prosseguimento e consolidação desta nova grande lavoura cafeeira e foi assim que Ribeirão Preto depois de poucos anos,trabalhados e lavrados inicialmente pelo braço escravo e caboclo,e posteriormente pelos braços dos imigrantes, tornou-se o maior centro cafeeiro do mundo.Entretanto em 1885, Pereira Barretto abandona a lavoura cafeeira, tornando-se viticultor,pois achava que seríamos capazes de produzir,não só café e borracha, como país tropical ,mas também poderíamos produzir o vinho que seria a única forma de atrair o colono europeu em emigraçãovoluntária.
Dizia: “A vinha é vista pelo europeu,não como um arbusto qualquer,mas como uma verdadeira pessoa, um membro da família, uma segunda companheira que sempre amou e adorou”.Dispôs-se a cultivar a “Vitis vinifera”em Pirituba,nos arredores de São Paulo,em uma verdadeira estação experimental agrícola,onde chegou a reunir mais de 400 variedades de uvas vindas da França, Portugal, Itália, Egito, Síria...etc. No entanto, apenas a uva nascia e crescia,já era vítima de doenças produzidas por fungos que atacam principalmente as folhas. Apoiando-se na doutrina de Pasteur, estudou, correspondeu-se com os mestres da viticultura européia e após vários anos de trabalho,de esforços,de despesas e de incertezas, enviou ao Professor M.Victor Pulliat,grande ampelógrafo, Diretor da Escola de Viticultura de Lyon, seu relatório “A Viticulture à Saint Paul” em 1888, sobre o cultivo de uvas no nosso clima tropical, com muito calor, umidade e bastante chuvoso durante o verão. Pulliat, assombrado, pois não era médico e não conhecia ainda a doutrina microbiana de Pasteur,foi tomado de espanto diante da carta de Barretto,passando dias a lê-la e relê-la, sem saber se ela procedia de um lunático ou de um homem extraordinariamente inteligente.
Não obstante, já que a carta não continha nenhum absurdo,apesar de suas opiniões insólitas no domínio da ampelografia,resolveu responder favoravelmente,porém com certo ceticismo. Algum tempo depois, Barretto enviava-lhe belos exemplares de uvas européias, nascidas no Brasil. Entusiasticamente, Pulliat exclamava que “Se o Brasil tivesse meia dúzia de homens como o Dr. Barretto, a viticultura européia estaria vencida!”.
Nosso patrono colaborou durante 12 anos na imprensa européia,e em especial na francesa, dando lições aos viticultores europeus.
O sucesso das videiras do Dr. Barreto foi publicamente apresentado à sociedade paulistana em de 1897, na “Exposição das Uvas”. O evento foi patrocinado pela veneranda e de tradicional família paulistana D. Veridiana Prado. Nessa festa aconteceu um interessante encontro de sábios. O poeta Olavo Bilac,de passagem pela cidade, escreveu uma ode espirituosa sobre o evento:
“Já não há mais vinho que nos envergonhe;Não beberemos Verde, nem Colares,Nem Bordeaux, nem Marsala, nem Bourgogne,Vindos de além dos mares!(...)E em prantos de ventura me derreto,Vendo-te, oh Baco, naturalizado,Graças ao Gênio do Dr. Barreto,Graças à Dona Veridiana Prado!”
Dizia Barretto: “O caminho que o presente nos aponta e que o futuro exigirá de nós é o da policultura.É preciso que se abandone o velho lema ‘o café dá para tudo’; é preciso compreender que a ciência permite fazer deste país uma maravilha; todas as culturas são aqui possíveis; podemos exportar tudo”.
Pereira Barretto,como grande cientista que era, se lançara na grande campanha contra a febre amarela,pois achava que o saneamento não era só um dever de humanidade para a medicina, mas também uma medida de extrema importância política, pois a obtenção de uvas européias no Brasil,provava a fertilidade de nosso solo e a excelência de nosso clima.
Portanto a extinção das moléstias epidêmicas que nos assolavam,provaria sua salubridade e seria um estímulo e conseqüentemente um convite aos imigrantes europeus. Barretto, mais uma vez dá uma grande contribuição para a ciência,causando uma enorme polêmica quando afirma que a febre amarela não era contagiosa e sim um problema de saúde pública devido a contaminação das águas.Então publica uma série de artigos na imprensa em defesa de sua tese, que acabou prevalecendo.Num desses artigos, ele cita o exemplo de Resende: “Em Resende,sobretudo,o problema se apresenta em sua maior simplificação. A cidade está dividida em duas partes pelo rio Paraíba,achando-se uma em colina e abastecida de excelente água canalizada, e a outra em planície não dispondo senão de água de poço. Ora, ao passo que esta última está sendo flagelada pela febre amarela,a outra permanece completamente indene”.
Posteriormente em Havana foi descoberto o transmissor, que era um mosquito denominado na ocasião de “stegomya”, e hoje conhecido como ”aedes aegypti”.Logo após, começou-se a combater o mosquito através da pulverização com inseticidas, por iniciativa e campanhas coordenadas pelo Dr. Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro.
Pereira Barretto foi também o introdutor da cerveja em nosso país. Em 1885, foi organizada em São Paulo a Cia.Antárctica com a finalidade de produzir presuntos e outros artigos congêneres.Os cálculos falharam, pois logo após a instalação da grande fábrica, a matéria prima começou a escassear, devido ao avassalamento da lavoura de café que se espalhava por todo o interior.A cultura do café extinguindo a fonte de produção de porcos,desfechou um golpe mortal sobre a nova indústria nascente.As custosas e magníficas instalações, não tinham mais razão de ser; não restava à utilíssima empresa, outro recurso senão fechar as suas portas.Entretando,Pereira Barretto mais uma vez entra em ação,propondo aos diretores e acionistas que aproveitassem os excelentes aparelhos de fabricação de gelo de que dispunha a Antártica, passando a companhia a fabricar cerveja. Portanto,no dia da assembléia geral que seria para extinção da empresa, Pereira Barretto faz uma explanação da viabilidade de se transformar aquelas magníficas instalações em uma fábrica de cerveja. Até então ninguém acreditava na possibilidade de se fabricar cerveja no Brasil, pois o nosso clima parecia a todos um obstáculo insuperável. Contudo, uma grande indústria constituiu-se, os acionistas se enriqueceram,a empresa tornou-se milionária e a cerveja pioneira da Antárctica derramou-se por todo o país,desta forma cessando a importação desta bebida, afirmando-se a nossa emancipação em um domínio que até então fôramos inteiramente tributários.
Como se não bastasse, este cientista,foi também o descobridor dos benefícios que o guaraná traz a vida do homem.Foi o pioneiro nos estudos científicos e na realização de experiências com o propósito de produzir uma bebida refrigerante industrializável,com base no guaraná, criando um método de processamento desse fruto, que deu origem ao xarope do guaraná,utilizado até hoje na fabricação do refrigerante.
Contudo,é uma árdua tarefa poder sintetizar a vida de Pereira Barretto, pois ele cuidou de tudo, ou quase tudo:medicina, filosofia, educação, imprensa, cafeicultura, pecuária, sociologia, viticultura, política,geologia,etc.No entanto,de tudo que tratou, sempre fez com muito discernimento,segurança e sabedoria,conquistando as credenciais de sábio,com que passou para história.E, é como sábio, como um cidadão onisciente, que dominou com lucidez todos os problemas do homem, que podemos, sem nenhuma sombra de dúvida, dizer em uma só palavra ,desta forma sintetizando todas as suas qualidades, que ele foi acima de tudo ,um Humanista.
Roque Spencer Maciel de Barros em seu livro : “A Evolução do Pensamento de Pereira Barretto” diz: “Chamaram-no de o médico do Vale do Paraíba, muitas vezes , ‘o sábio dr.Barretto’. Parece-nos mais exato – e mais nobre mesmo – chamá-lo ‘o educador Pereira Barretto’.Por que, que é, senão educador, o homem que anela despertar o seu país, erguê-lo e dar-lhe consciência de si próprio, para que este cumpra o papel histórico reservado a todos no estado positivo da mentalidade humana?
José Eduardo de Oliveira Bruno, São Paulo, 20/04/2002
Notas
(1) Fazenda Santa Terezinha do Monte Alegre, existe ainda hoje(2002),apesar de encontrar-se em péssimo estado de conservação.Fica situada nas margens da estrada da Resende-Fumaça, na Vargem Grande.Na propriedade de 80 alqueires ainda estão instalados uma escola e uma igreja, além das casas de colonos, um armazém,três currais e vários silos.Também existem ruínas de casas antigas,senzalas da época do império.Ao lado da sede ou ‘Casa Grande’ como ainda hoje é chamada por muitos, o interessado que desejar conhecer um pouco de sua história vai notar um velho pé de café. O único e, talvez, último Bourbon da Vargem Grande que lembra ao futuro a época de ouro da economia resendense...
(2) Carolina Peixoto, filha do português Antônio da Silveira Peixoto e de Ana Leopoldina Peixoto. Com ela, Luiz Barreto teve quatro filhos: Clotilde Augusta Pereira Barreto que foi casada com o Dr. Jesuíno Ubaldo Cardoso de Mello; Luiz Pereira Barreto Filho que faleceu na primeira infância; José Pereira Barreto Neto, nascido em 1874 e foi um grande fazendeiro em Matão e Paulo Pereira Barreto, nascido em 1884 e falecido em 1955 em Tatuí onde se encontrava em tratamento de saúde. Morreu solteiro.
(3) A região de Ribeirão Preto era chamada de “Oeste” porque referiam-se a ela, a partir da Capital. A atual geografia, porém, situa os pontos cardeais em relação ao epicentro da área mencionada, ou seja, em relação ao centro Estado de São Paulo, a região de Ribeirão Preto está a “Noroeste”.
(4) Resende, foi a região pioneira da grande cultura do cafeeira em nosso país. Foi o primeiro pedaço de terra brasileira onde o café encontrou acolhida com os elementos que foram propícios para o seu desenvolvimento.Todas as memórias confiáveis, que tratam da propagação do café na Província do Rio de Janeiro, são uniformes em atribuí-la a pouco depois de 1770, isto é, logo que a espécie já cultivada nesse tempo nas terras do convento dos padres Barbadinhos e na chácara do holandês Hoopman, na rua São Cristóvão no Rio de Janeiro. Este, forneceu as sementes que se propagaram pelo interior da província.Foi dali que os padres Couto e João Lopes, receberam as plantas que foram distribuídas no caminho de Resende pelo primeiro e através do distrito de São Gonçalo seguindo em direção ao noroeste fluminense,pelo segundo, conforme mencionou João de Azevedo Carneiro Maia em seu livro referencial sobre a história de Resende:“Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende, desde a fundação”de 1891 e também a “Seleta Brasiliense”de J.M.P.Vasconcellos, pág.222, impressão de 1868. Por outro lado é sabido que neste mesmo tempo, muito se esforçara o Marquês do Lavradio, então Vice-Rei do Brasil, no empenho de disseminar a cultura do café, desta forma distribuindo grande quantidade de sementes pelos distritos de São Marcos(atual Piraí) e do Campo Alegre(atual Resende),apelando a um poderoso incentivo empregado, que era isentar do serviço milícias a todo o lavrador que provasse ter plantado certa quantidade de pés de café. Conclui-se do exposto que feita a sementeira em 1775,antes de 1785 já deviam existir alguns cafezais em efetiva produção.
Consta que os primeiros cafezais de Resende se formaram em torno da sede da frequesia, e nos sítios próximos, de onde foram sendo transportadas muitas mudas para os municípios vizinhos(fluminenses e paulistas).Resende até 1801,chamava-se frequesia de‘Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre da Paraiba Nova’. Posteriormente, foi elevada a categoria de vila por ato do Vice-Rei, Conde de Resende (D.José Luiz de Castro), desta forma passando-se a denominar-se Resende em homenagem ao conde.
(5) Veja livro do Dr. Antônio de Almeida Prado : “Crônica de Outrora”,(Ed.Brasiliense/1963; pág. 79).
(6) São Simão era o maior município do “Oeste paulista”,na ocasião, e ponto terminal da Mogiana. Posteriormente foi desmembra do em vários outros municípios, que deram origem a: Ribeirão Preto, Cravinhos, Sertãozinho...etcVeja no livro de Beatriz Garcia ; “O Romance do Café”- (Ed.Alfa-Omega – SP/1999) pág.143.
(7) Caravana Pereira Barretto - Veja livros :“Cravinhos – Histórico, Geográfico, Comercial e Agrícola”- (Prof.Francisco Gomes; Tipografia Selles - Ribeirão Preto / 1922)- “O Ribeirão Preto, Histórico e para História” (Prof. Plínio Travassos dos Santos, Ribeirão Preto-1938)
Obs: A ‘Caravana’ ou ‘Expedição Conquistadora’, conforme menciona Rubem Cione em seu livro: ‘A História de Ribeirão Preto’,foi quem fez a transmutação da cafeicultura valeparaibana ,com marcante hegemonia fluminense,devido ao seu declínio e exaustão de suas terras, para criação de um novo ciclo cafeeiro em nosso país, no ‘Oeste’paulista.É importante também não olvidar de que o café no Vale do Paraíba Fluminense foi quem sustentou economicamente o Império. No auge da cafeicultura no Vale do Paraíba (1860),a produção cafeeira fluminense alcançava 78% da produção nacional. O vale paulista representava 12%, e Minas Gerais mais o restante do país, 10%.Posteriormente a ida do café foi para o "Oeste paulista", aí sim, São Paulo passou a ter uma produção avassalaReferências Bibliográficas
“Reminiscências de Resende, Estado do Rio, às plagas paulistas de São Simão,Batatais, Altinópolis e Ribeirão Preto”. (RenatoJardim,Ed.José Olympio-São Paulo/1946)
“O Ribeirão Preto, Histórico e para História” (Prof.Plinio Travassos dos Santos, Ribeirão Preto - 1938) Obs: O Museu do Café de Ribeirão Preto foi organizado e fundado pelo Prof.Plinio Travassos dos Santos e tem o seu nome em homenagem à memória deste ilustre historiador.
“Cravinhos – Histórico, Geográfico, Comercial e Agrícola”- (Prof.Francisco Gomes; Tipografia Selles - Ribeirão Preto / 1922)
“O Município e a Cidade de Ribeirão Preto”- (1822 - 1922) na Comemoração do Primeiro Centenário da Independência Nacional.
“Família Pereira Barretto” - Notas Genealógicas (Itamar Bopp/São Paulo-1983)
“ Luiz Pereira Barretto e o Café Bourbon” (“O Estado de São Paulo”-15/10/1937) autor : C.A.Krug / Instituto Agronômico de Campinas
“A arte de fabricar o vinho - Manual do Vinicultor” - Luiz Pereira Barreto - Editora Red. da Revista Agrícola - 1900
“A História de Ribeirão Preto” vol.III (Prof. Rubem Cione- RP/1958)
“Crônica de Outrora” de A.de Almeida Prado – Ed.Brasiliense – São Paulo/1963
“A Evolução do Pensamento de Pereira Barretto” de Roque Spenser Maciel de Barros Ed. da USP / Ed.Grijalbo (SP/1967)
“Café e Ferrovias” de Odilon Nogueira de Matos( Ed. Alfa & Omega-São Paulo/1974) Obs: Atualmente editado pela Editora Pontes – Campinas-SP
“O Café – no segundo centenário de sua introdução no Brasil”,Departamento Nacional do Café – Rio de Janeiro/1934
“O Café em São Paulo”- Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio de SP/ 1927
“Obras Filosóficas de Luiz Pereira Barretto” (Vol.I) org. por Roque Spencer Maciel de Barros . Editorial Grijalbo – SP/1967
“Obras Filosóficas de Pereira Barretto”(Vol.II) org. por Roque Spenser Maciel de Barros. Editora da Unv. Estadual de Londrina-PR / 2001
“História do Positivismo no Brasil - Ivan Lins (Cia. Editora Nacional/ SP-1967)
“Notícias Históricas e Estatísticas do Município de Resende, desde a fundação” de João de Azevedo Carneiro Maia (Typographia da Gazeta de Notícias – RJ/1891)
“O Café em Resende no século XIX” de Maria Celina Whately (José Olympio Editora, Rio de Janeiro / 1987)
“Romance do Café” de Beatriz Garcia (Ed.Alfa- Omega – São Paulo/1999) dora, que foi o início do grande desenvolvimento paulista.
Principais obras de Pereira Barretto
“As Três Filosofias : Filosofia Teológica”. Rio de Janeiro – Ed. Laemmert/1884
“As Três Filosofias : Filosofia Metafísica”. Jacareí – Tipografia Comercial / 1876
“Positivismo e Teologia : uma polêmica”. São Paulo-Livraria Popular/1880
“Soluções Positivas da Política Brasileira”. São Paulo – Livraria Popular/1880
“O Século XX sob o Ponto de Vista Brasileiro” . São Paulo – Tipografia do Estado de São Paulo/1901
“A Arte de Fabricar o Vinho - Manual do Vinicultor” - Luiz Pereira Barreto (Editora da Revista Agrícola – São Paulo/1900)
Fonte: Matéria enviada por: José Eduardo de Oliveira Bruno - SP, junho de 2004. E-mail: jeobruno@uol.com.br e ou/ jeobruno@hotmail.com

Terra Roxa - "A Província de São Paulo"


Terra Roxa - “A Província de São Paulo”- 2/12/1876
por J.E.O. BRUNO
Dr. Luiz Pereira Barretto
Os paulistas do Oeste de São Paulo, em geral, não suspeitam o quanto a sua terra está na tela da discussão corrente nas outras províncias, mas, com especialidade na do Rio de Janeiro. Agricultores, literatos, estadistas, comerciantes, homens de ciência, ali encontram matéria abundante para toda sorte de considerações econômicas, sociais, políticas e filosóficas. Mesmo as menos perspicazes não escapa o notável contraste entre o rápido incremento dos progressos materiais da província de São Paulo e a posição improgressiva da maior parte de suas irmãs. A atitude de São Paulo é, de fato por demais proeminente para não provocar reflexões desta ordem. A sua prosperidade crescente não pode deixar de pôr em relevo a imobilidade de suas vizinhas, e, sobretudo, a irremediável decadência das do norte do império. Ao passo que o Maranhão, por exemplo, outrora tão florescente e com todas as aparências de um longo fôlego, hoje lá jaz prostrado, exausto e reduzido ao desesperado papel do paisano Russo, que come a sua semente de planta e resigna-se aos golpes de sorte; ao passo que Pernambuco e Bahia, em outro tempo as mais belas dentre as primeiras, não conseguem dar vida aos seus vacilantes ensaios de estrada de ferro; ao passo que o Rio de Janeiro, não obstante o prestígio e o poderoso influxo da monarquia a seu favor, confessa-se falida na esfera agrícola, vemos a província de São Paulo cada vez mais vigorosa renovar de ano para ano as suas forças e resplandecente de energia alargar os horizontes de sua atividade e de seu futuro. É natural que uma tão vistosa superioridade desperte em todos os brasileiros a mais viva curiosidade e provoque o justo desejo de saber quais os elementos, que dão a São Paulo essa brilhante e invejável perspectiva. É neste terreno que sempre se travam as mais calorosas e instrutivas discussões. É sobre este ponto que desejo atrair a atenção dos paulistas, colocando nuamente sob seus olhos as principais peças do processo e esboçando rapidamente os traços característicos da filosofia agrícola do terreno roxo desta província. A filosofia da terra roxa ! não se assustem os srs. fazendeiros, prometo-lhes não os fazer passear pelas nuvens, nem evocar os manes de Plutão, nem tampouco destecerei as meadas de Kant. Quero simplesmente colocá-los em estado de responder às incessantes objeções e aos pedidos de informação que nos chegam de fora da província. A minha tese é a seguinte: a província de São Paulo é o que é na atualidade, graças simplesmente à sua terra roxa. Deixam de lado o massapé e os outros terrenos de grande valor agrícola, porque são todos mais ou menos degenerescência da formação roxa; o massapé,com especialidade, sob o ponto de vista da química agrícola, é facilmente conversível à categoria do terreno roxo. Demais estes terrenos constituem a ínfima minoria relativamente à quantidade da terra roxa espalhada pela província. Já se vai bem longe o tempo em que, para se explicar os fatos da história, era bastante possuir-se conhecimentos mais ou menos variados de literatura antiga e moderna. O espírito científico, que domina a existência das sociedades de hoje, tornou-se mais exigente. Não é mais suficiente dar assaltos de memória à longa lista de todos os Faraós, ou de todos os Papas, nem tampouco conhecer todos os gestos e acenos dos reis, para se dar a razão da grandeza ou a decadência dos povos. A ciência hodierna, filha do povo, impôs ao historiador, hábitos de uma mais severa disciplina e não quer dele senão explicações que tenham uma profunda raiz na terra. Perante a ciência, a civilização nasceu da terra com o primeiro homem que brandiu a primeira enxada. Os historiadores, que explicam, por exemplo, a queda do império romano ou a decadência da Grécia por meio da corrupção dos costumes desses povos, não percebem que cometem um ilogismo, uma petição de princípio. A corrupção de um povo é um fenômeno muito complexo,que precisa a seu turno de uma explicação: é um efeito de longos antecedentes sociais e não uma causa. A corrupção não é uma entidade sobrenatural, ou algum gênio mau, habitando fora da terra, e que bruscamente tenha o capricho de invadir uma sociedade só pelo prazer de fazê-lo degenerar. Filosoficamente, a corrupção é uma moléstia social, que tem a sua raiz no estômago, e, neste ponto, a ciência se acha de pleno acordo com os depoimentos das Santas Escrituras. Quando a Bíblia nos informa que o primeiro cidadão do mundo, o pai Adão, foi sentenciado a ganhar o pão com o suor de seu rosto, quis enfaticamente significar que a cólera divina escolheu bem o seu teatro de vingança, confiando a execução da sentença precisamente ao inimigo o mais feroz e implacável do homem, - o seu estômago. É, de fato, de simples intuição, se não tivéssemos estômago, a nossa organização social seria inteiramente diversa do que hoje é, ou antes não haveria o mais fraco esboço de organização social; não teríamos necessidade de instituições administrativas; não teriam razão de ser os partidos políticos ;não haveria a distinção de classes;não haveria lugar para o Estado, para a nação;não existiriam as leis reguladoras da propriedade,do casamento,da família; se- riam impossíveis asa ciências ,as artes ,a poesia, em uma palavra , não haveria sociedade, haveria,quando muito, pecorismo grosseiro e confuso. É no estômago que devemos procurar os principais segredos da história do engrandecimento ou do abaixamento das nações. Em outros termos, é da maior ou menor facilidade com que o homem obtém os meios de aplacar a fome, que decorem todos os progressos ou todos os embaraços à marcha ascendente da civilização. Sabemos,hoje, positivamente,pelos documentos pré-históricos os mais autênticos,que,quando se fundou a vila de Roma, já o solo da Itália se achava, desde há muito, coberto de imensas populações, que viviam na maior abundância, graças ao estado florescente de sua agricultura.Ainda hoje se encontram os restos das construções colossais, executadas no Latium, e que atentam a alta prosperidade dessa pequena província nos séculos anteriores à fundação de Roma. Só no pequeno território, ocupado hoje pelas Alagoas Pontinas,existiam 23 cidades ou vilas densamente povoadas.Os romanos no apogeu de sua grandeza,deixaram este pequeno mimo degenerar em foro perpétuo de febres e opilações,das quais foi Mário vítima:sob o domínio dos Papas este estado não fez senão piorar até os nossos dias .Do mesmo modo os Etruscos haviam convertido os banhados e países da Lombárdia em magníficos jardins agrícolas,graças ao mais sábio sistema de canais de drenagem. Do mesmo modo, os Samitas porfiavam em converter a cordilheira dos Apeninos em um vasto e esplêndido celeiro. Surge o povo Romano com seu espírito aventureiro e sua inextinguível sede de conquistas, e a cena muda do todo ao todo.Aos canteiros de rosas e aos campos de cereais sucedem os cardos e os carrascais;aos verdejantes e risonhos prados ,que forneciam pingues pastagens à numerosos e variados rebanhos,sucede agora o aspecto da mais sombria desolação.Em lugar da alegria,é agora a fome que passeia seu lívido olhar por toda a Itália.Os camponeses desertam os campos, a soldadesca pulula nas cidades;os palácios dos Césares,as repartições públicas, pejam-se de enxames de pretorianos.Uma nova tarefa ,urgente,formidável,se impõe à edilidade: é preciso dar pão aos ciosos esfomeados, sob pena de uma sedição sangrente.Das províncias não vêm mais farinha que baste, e forçoso é importar trigo de remotas regiões.Com a miséria,com a fome,o casamento cai em desuso,os filhos não são mais uma benção dos deuses, os seios maternos não tem leite,os braços do trabalhado se desmusculam,o paisano rompido no físico e no moral, desesperado sob o peso dos esmagadores impostos que a populaça de Roma não cessa de arremesar-lhe entre rugidos de ameaça, retira-se afinal da luta desigual: taciturno,sombrio,desfigurado,ei-lo vagando pelas estradas abandonadas ,e revolvendo em seu cérebro incendiado, o pensamento insensato, atroz, de extinguir a família....para não vê- la sofrer. A mesma cena se reproduz em cada aldeia, em cada tugúrio, por toda parte. A população decresce rapidamente, Roma já não pode fornecer o contingente de duas legiões ! Sob o reinado de Júlio Cezar, 850 mil homens vivem à custa do tesouro, e o recenseamento para ele instituído , indica já uma baixa assustadora na população e determina a criação da lei agrária, que reparte as terras da Campania entre 20 mil cidadãos pobres, tendo ao menos 3 filhos cada um. Medida esta tão inútil como a repartição forçada dos bens sob Caio Gracho, porque nenhuma delas se dirigiu à fonte do mal. Sob Augusto, a notícia da derrota do pequeno exército de Varus, enche de pavor a cidade Imperial : todos sabiam que, fossem quais fossem as violências empregadas no recrutamento, não se conseguiria mais levantar um punhado de combatentes. O caminho estava franco, e as portas de Roma largamente abertas para a invasão dos bárbaros.
Dr.Luiz Pereira Barretto

Curiosidades sobre os Afro Descendentes

A presença cultural e religiosa negra é um fato tão evidente no continente americano que pode-se afirmar com certeza que, sem os traços característicos da cultura negra, não se pode definir o específico da cultura latino-americana. Há traços negros na música, na dança, na escultura, nas religiões, nos costumes e no modo de ser das pessoas.
Apesar das contradições e sofrimentos vividos pela população negra desde da época do Descobrimento das Américas, a sua cultura se enraizou e se mantém com grande vitalidade, expressando-se através das manifestações de caráter associativo, tanto no campo cultural quanto no social e religioso.
A classe dirigente latino-americana não assume as culturas populares, ao contrário, procura reduzi-las a mero folclore. Também os canais oficiais de maneira sistemática insistem em fazer com que a cultura latino-americana seja uma desfigurada reprodução da cultura ocidental européia.
Aqui no Brasil a população negra é significativa e nossas raízes, com "o pé na África", como fala a sabedoria popular. A população afro-americana entretanto, proveio de poucas fontes principais da África. A maioria descende de duas grandes culturas principais: Banto e Nagô. Os negros de origem Banto foram trazidos principalmente das regiões de Angola, Congo e Moçambique. Um terço da população negro-africana é banto. Há aproximadamente 500 povos bantos, ou seja, comunidades culturais com civilização comum e línguas semelhantes.
A palavra "Banto" significa "seres humanos, pessoas, homens, povo". As línguas Banto formam um grande grupo, porém com muita semelhança entre elas. São faladas em muitas regiões da África atual: Uganda, Kênia, Tanzânia, África do Sul, Ruanda, Burundi, Zâmbia, Moçambique, Zimbabue, Angola, Zaire, Gabão, Camarões, República do Congo, Malawi, Botswana, Lesotho.
Seria impossível descrever nesse breve espaço tantas particularidades e riquezas dos povos Banto. É importante ter presente que os africanos de origem Banto foram trazidos para as Américas e particularmente para o Brasil procedentes do Congo e de Angola, durante o período da conquista e do desenvolvimento da colônia. Foram distribuídos principalmente no centro litorâneo, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
Outro grande número de afro-americanos e brasileiros tem sua origem na tradição cultural Nagô. O nome "Nagô", que originalmente se referia unicamente a um ramo dos descendentes Yorubá de Ifé, foi aplicado de maneira extensiva a todos os povos Yorubá. Os diversos grupos provenientes da África, principalmente do Sul e do Centro do Daome e do sudeste da Nigéria, são conhecidos no Brasil com o nome de Nagô.
Os Nagô são portadores de uma particular tradição cuja riqueza deriva das culturas dos diferentes reinos de onde eles se originaram. Os Ketu, Sabe, Oyó, Egbá, Egbado, Ijexa, Ijebu exportaram para o Brasil e outras regiões da América seus costumes, suas estruturas hierárquicas, seus conceitos filosóficos e estéticos, sua língua, sua música, suas danças, sua literatura oral e mitológica. E, sobretudo, trouxeram para o Brasil sua religião.
Os Nagô foram os últimos grupos africanos de escravos que chegaram ao Brasil. Isso ocorreu entre o fim do século XVIII e início do século XIX. Foram concentrados nas zonas urbanas do Norte e Nordeste, Pernambuco, Bahia, particularmente nas capitais desses estados: Recife e Salvador. A maioria da população baiana é de origem Nagô.
O comércio intenso entre Bahia e África naquele período manteve os Nagô do Brasil em contato permanente com suas terras de origem. Foi, sobretudo, através da prática contínua de sua religião que os negros nagô conservaram um sentido profundo de comunidade e preservaram o mais específico de suas raízes culturais.
O Banto e o Nagô têm características básicas em comum. Uma destas características é a própria concepção de mundo que fundamenta a cultura. Uma visão de mundo profundamente religiosa, onde tudo tem origem em Nzambi, criador e organizador do universo na tradição Banto, ou Olorum, na tradição Nagô.
Para o Banto, Nzambi (Deus) é a fonte de vida, fundador do primeiro clã humano, causa primeira de tudo o que existe. Para os Nagô, há uma força suprema, geradora de todas as coisas que é Olorum (Deus). Abaixo dessa força existem os Orixás. As religiões tradicionais africanas são o espaço prioritário do relacionamento com a divindade.
Tanto o homem como a mulher africana são seres profundamente religiosos e os locais de seus cultos não são templos suntuosos, mas a "roça" ou "terreiro". É no terreiro que os negros nascidos nessa terra reconstituem um pedaçinho da África genitora e desenvolvem seus conteúdos culturais.
fonte: http://www.rosanevolpatto.trd.br/dancatamborcrioula.htm

A Importância da História e o Trabalho do Historiador


Historiador é uma peça fundamental em todo o tipo de cultura. Ele retira e preserva os tesouros do passado, interpreta a História, aprofunda o conhecimento do presente. Um povo sem História, e sem o Historiador, é um povo sem memória.A ligação com o cotidiano está tornando a História cada vez mais atraente para o grande público. Atualmente, não é só com países, guerras e heróis que os pesquisadores se preocupam. Nos últimos anos, muitos deles começaram a pesquisar a História do Vinho, do Aborto, das Mulheres, da Juventude, do Medo, do Perdão, dos Bairros, etc. Na profissão de Historiador, a curiosidade de descobrir a origem das coisas tem sido fundamental.O curso de História nas Universidades tem duração média de 4 anos, e possui um currículo recheado de disciplinas que tratam de períodos, regiões e outros temas específicos, como História Antiga, Moderna e Contemporânea, História das Idéias, do Brasil, da África e da Ásia. A Metodologia da História é uma das matérias básicas que são vistas no primeiro ano. Para os que se interessam em dar aulas, é necessário fazer licenciatura. Um outro setor a ser explorado pelos que se formam é o de Consultoria para empresas, já que muitas delas estão preocupadas com o registro da sua história em livros, vídeos e CD-ROMs. Mas a grande maioria desses profissionais acaba mesmo é se empregando como Professor de Ensino Fundamental e Médio.O Ensino Superior também oferece um bom mercado, em virtude da presença da disciplina de História em praticamente todos os currículos da área de Ciências Humanas. Os Historiadores se beneficiam também da tendência de dividir a disciplina de Estudos Sociais, para as turmas do 2º ao 5º anos do Ensino Fundamental, em duas - Geografia e História. Embora ainda seja pequeno, tende a crescer cada vez mais o mercado de trabalho para os Historiadores na Internet, onde eles trabalham principalmente prestando consultoria para empresas e instituições que desejam resgatar sua memória empresarial. Também começa a crescer a procura por professores virtuais de várias disciplinas e pesquisadores de conteúdo com formação em História.
Fonte: Contribuição e autoria do Prof. Adinalzir
Rio de Janeiro, RJ, Brasil