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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

FOLCLORE DO VELHO "CAMPO BELO" (ITATIAIA)

FOLCLORE DO VELHO “CAMPO BELO” (ITATIAIA)
Aqui neste espaço de nossa revista iremos resgatar através da memória, aspectos relevantes do Folclore do Velho “Campo Belo”(Itatiaia). Na qual citar-se-ão a Catira, o Cateretê, o Cana Verde e o Jongo. A Catira era mais comum, porque dançavam e cantavam homens e mulheres, acompanhados ao som da viola, onde cada um cantava, versos já conhecidos ou improvisados no momento, mas sujeito a um estribilho, exemplo:
BIS: “Se você pesca de linha – eu pesco de varejão,
Roda, roda moreninha – peixe bom é camarão.”
O Cateretê – “Meu Boi Barroso” – “Menino da Porteira”- “Cavalo Zaino”. O Cateretê é realizado numa espécie de sapateado, geralmente os pisos eram de terra batida e era comum o poeirão que se levantava com o sapateado marcando o compasso.
O Cana Verde – A Cana Verde veio com os portugueses e adaptada entre os nativos e mamelucos, ou sejam, os caboclos brasileiros, e, raramente um Afro – Brasileiro, tomava parte numa Catira, Cateretê ou Cana Verde.
Exemplo: “O Anu é um pássaro preto – que tem o bico rombudo. Foi praga que Deus deixou – todo negro ser beiçudo.”
Ou ainda, de um descendente europeu, geralmente mais racista, esta:
O branco é filho de Deus – o mulato é um enteado,
Caboclo não tem parente e o negro é filho do Diabo.”
Declamações como estas, hoje, não passariam desapercebidas pelo rigor da lei que considera a discriminação racial como crime inafiançável contra os direitos civis do cidadão brasileiro.
O Cana Verde era mais para demonstração das qualidades trovadorescas dos cantadores. Formava-se uma roda com os cantadores, movimentando-se com suas cantigas, sempre pelo lado direito. O Cana Verde podia ser simples ou dobrado , sendo o simples, de uma trova composta de quatro versos setessílabos com rima obrigatória entre o 2º e 4º versos, mas os melhores trovadores, preferiam rimar, 1º com 3º e 2º com 4º versos. O Cana Verde dobrado era de oito ou mais versos, onde os cantores famosos chegavam, às vezes, a contar uma odisséia, tal como hoje a literatura de cordel, usada pelos nossos poetas nordestinos. Exemplo: “Quem tem nome de ‘Gambá’ – bicho louco de fedê,
Pudesse o nome trocá - que bicho quiria sê?”Ao que Rufino incontinente respondeu:
O que eu quiria sê – e cheguei a Deus pedí, eu vou contá pra vancê – quisera sê lambari. Minha maió alegria – ir nadar no “Poço fundo” nas águas da “Grota Fria” – gozando os “Gozos do Mundo”.
No exemplo acima foi uma cantoria de três moças e Rufino, o cantor de Cana Verde. O JONGO, principalmente aqui em nossa zona sudeste, abrangendo São Paulo, sul de Minas e Rio de Janeiro desapareceu e muita gente o confunde com macumba, não obstante, alguns jongueiros também eram macumbeiros. A prova disso está neste soneto alexandrino, de autor desconhecido.
A MACUMBA

Beirando a grota está o velho rancho oblongo
Cujo aspecto bacento e fúnebre de tumba.
Ali, quando alta noite, o bate-pé retumba
Lento, ao som do atabaque e cantigas do Congo.

O velho pai de santo, o chefe da macumba,
Fala ao “Cambone” o guia, e solta um grito
Longo, faz piruetas, ginga e gingando no jongo,
Risca a “pemba”a pedir que o inimigo sucumbe.

Uma preta que acende a vela e urde a mandinga,
Funga, resmunga, dança, ora canta, ora xinga,
Enquanto outras em torno, acompanham na toada.

No furor da balbúrdia, é medonho o alvoroço.
Santo Antonio ali está, amarrado ao pescoço...
Empesta o ar o mau cheiro, à pólvora queimada.

Em Itatiaia, ainda nos tempos de Vila Campo Belo, os famosos jongueiros eram: Leandro, Firmino Campos, Abel, estes ainda dos tempos da escravidão, e os mais novos: João Bimba, João Luciano e Benedito Vitor, cuja mãe, a parteira Celestina, com sua sobrinha Maria da Glória e a Chica do Salatiel eram as melhores damas numa roda de jongo. (Fonte: Macedo, Tharcílio Gomes – manuscritos) Carlos Lima –cadeira n.º 13 – Dep. Amadeu O. Rocha

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