Translate

Postagens populares

domingo, 21 de dezembro de 2008

HOMENAGEM AO PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS E PROJEÇÃO DE SUA OBRA EM ITATIAIA E RESENDE - Cel. Claudio Moreira Bento











Cel Cláudio Moreira Bento
Acadêmico e Presidente fundador e emérito
Cadeira Barão Homem de Mello - n.º 001 - ACIDHIS
Membro do IEV-Guaratinguetá-SP

Atendendo a pedido da Academia Itatiaiense de História, faremos algumas considerações sobre o Presidente Getúlio Vargas desaparecido entre nós há 54 anos por suicídio,” deixando a vida para entrar na História” conforme sua Carta Testamento que até hoje é lembrada
Ele foi aluno da Escola Preparatória de Rio Pardo de 2000 a maio de 2003 por cerca de dois anos e meio de seu tempo no Exército como sargento por cerca de cinco anos. Desligado junto com outros 19 alunos em decorrência de um incidente promovido por um oficial inábil, segundo seus contemporâneos, .que atingiram grandes postos no Exército. Atitude de que decorreu a punição de toda uma companhia com diversas punições sem que fosse feita uma sindicância que provasse que a culpa fora deste oficial.
Ele deixou os alunos sem água para beber. E a noite teve início um protesto geral. Ao aluno que foi argumentar com o oficial responsável por esta falta de água cujo suprimento ele havia esquecido, ele respondeu!. “Você é um cínico!”. O aluno respondeu.! “Cínico é você seu bandido”!. E a revolta duraria longo tempo, marcado por punições diversas pelas injustiças decorrentes.
Getúlio foi desligado e retornou para a tropa. Não foi expulso ou desligado, continuou no Exército ao contrario do que mencionam algumas versões dominantes .
Este incidente o trato com detalhe em meu livro Escolas Militares de Rio Pardo 1856/1911 em parceria como o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis e prefacio do Gen Ex Renato César Tibau da Costa então comandante do CMS e Delegado de Honra da Delegacia da AHIMTB em Porto Alegre Delegacia General Rinaldo Pereira da Câmara.
Getúlio aproveitou o tempo de sargento em Porto Alegre e se formou em Direito e deixou o Exército após servi-lo por cerca de 5 anos.
Em 1930 como Presidente do Rio Grande do Sul, ele liderou a Revolução de 30 que depôs o Presidente Washington Luiz.
Durante a Revolução de 32, em seu início, na Estação Ferroviária do Resende ele prometeu aos oficiais presentes que construiria a atual AMAN como uma promessa da Revolução de 30 e a cumpriu.
Em 1939 lançou a Pedra Fundamental e em 1944 a inaugurou. Antes havia fundado em 1937 o Parque Nacional do Itatiaia o 1º do Brasil e pouco depois a Usina Siderúrgica de Volta Redonda.
E visitou Itatiaia e freqüentou uma festa junina em Itatiaia na casa do Dr Roberto Bernardes Cotrim e de Graciema Cotrim .Ele secretario de Agricultura do Rio de Jahoje patrono da ACIDHIS e ela filha do Dr Manoel Fernandes da Silveira que em 1895 havia lavrado ao certidão de Óbito do Marechal Floriano Peixoto falecido próximo da localidade de Floriano atual em Barra Mansa , de cuja Academia Barra-mansense de História ele é patrono de cadeira que foi por nós inaugurada.
Quando do falecimento do Presidente Varaga éramos cadete do último ano e concorremos em sorteio para integramos a Guarda de Honra a que ele tinha direito e fomos sorteado . E depois de uma viagem noturna cheia de incidentes numa viatura militar chegamos n Palácio do Cadete, depois de atravessarmos como dificuldades enorme massa popular nas imediações do Palácio do Catete . E ali chegando a Guarda de Honra foi dispensada pela família conforme comunicado pelo General Aguinaldo Caiado de Castro, Chefe da Casa Militar e que comandara na FEB um Regimento de Infantaria
Não tendo onde pousar permaneci no interior do Palácio testemunhando os fatos ali ocorridos até o amanhecer para retornar a Resende de trem.Durante a viagem meu colega cadete Álvaro Escobar inspirado poeta escreveu uma poesia sobre o evento a qual guardei por longos anos terminando por ser extraviada por escrita num papel com que se enrolava pão um pão que compramos para disfarçar a fome até chegarmos na AMAN.
Getúlio como Presidente continuou ligado ao Exército e a seus antigos colegas de Rio Pardo,Marechais Mascarenhas de Morais e Eurico Dutra em especial..
E as Forças Armadas com ele tiveram sua desenvolvida .Sobre a Doutrina do Exército produzimos e divulgamos pesquisa no Centenário de seu nascimento, publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro .(39:63-71_ jul/set 1983. Matéria que figura em Artigos no site http://www.ahimtb.org.br/.

Em discurso dirigido aos oficiais do Exército em certa ocasião ele referiu:

“ Com vós fui soldado e encontrei na camaradagem das armas uma escola de lealdade, de abnegação e desinteresse, com o que continuo servindo o Brasil, somando o meu esforço ao vosso e aos de todos os patriotas para torná-lo mais próspero.”

E por esta prosperidade falam estas suas realizações estratégicas entre outras: A. MARCHA PARA O OESTE, A PETROBRAS,A VALE DO RIO DOCE, SIDERURGICA (CSN) COMPANHIA SIDERURGICA, A Mãe da Industrialização do Brasil, A Modernização de nossas Forças Armadas, A Legislação Trabalhista e a Consciência Preservacionista aqui iniciada em com o Parque Nacional do Itatiaia. E MARCHA PARA o OESTE, ao ligar o Centro com o Centro 0este por ferrovia cuja construção foi liderada por um filho ilustre de Resende o engenheiro Luiz Alberto Whately, que abordamos em artigo Grandes Filhos de Resende na Revista Puri, do Instituto de Estudos Valeparaibanos.








A Carta-Testamento de Getúlio Vargas, na íntegra:








Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.
E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)





A SAGA DE PENEDO - EVA HILDÉN
































A COLÔNIA FINLANDESA


Estes textos e fotos foram extraídos do livro "A Saga de Penedo - A história da colônia finlandesa no Brasil", publicado em 1989, escrito por Eva Hildén, uma das primeiras crianças a virem para Penedo no terceiro grupo de finlandeses imigrantes em junho de 1929.


O IDEALIZADOR E A IDÉIA

"Toivo Uuskallio (que significa esperança) foi um agricultor, idealizador e religioso que, numa noite de profunda meditação, sentiu a convicção de que Deus o tinha chamado a fim de concretizar os seus ideais sobre um modo de viver melhor numa sociedade nova e ideal. Ele chegou à conclusão de que o homem precisava aderir a vida simples, saudável e natural:"- Precisamos levar uma vida natural sem preocupações com comércio e sociedade de consumo. Cada família tem de cultivar no seu jardim tudo o que necessita para a sua alimentação, vestir-se com roupas mais leves possíveis, desfrutar dos raios de sol reparadores, respirar o ar puro, sem poluição, viver em paz, longe dos conflitos e guerras."


A PROCURA

Tornara-se evidente que este tipo de vida não seria possível na Finlândia, país onde o verão é curtíssimo e o inverno longo, quando toda a natureza se cobre de gelo e neve. Toivo Uuskallio, sua mulher Liisa e tres jovens entusiasmados partiram para o Brasil em 6 de agosto de 1927, trabalharam em uma fazenda em Barra Mansa até abril de 1928 e seguiram para Itatiaia à procura do lugar ideal para a colônia finlandesa. Visitaram várias fazendas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, até que souberam que a Fazenda Penedo, na época município de Resende, estava à venda. Era uma fazenda de 3.500 hectares, destes, 2.000 de florestas. Tinha água em abundância, o Ribeirão das Pedras cortava as terras, a qualidade do solo parecia boa e por causa da variação de altitude, se poderia plantar tanto espécies européias como tropicais.


A REALIZAÇÃO

Pennanen que era representante de Uuskallio e cordenador do círculo de amigos na Finlândia, informou a todos sobre a possibilidadde da compra da Fazenda Penedo pelo preço de 350 contos de réis , "- Encontramos o lugar onde poderemos viver de acordo com os nossos princípios. Agora precisamos de disposição para sacrifícios e muita fé." - Foi feita uma proposta para todos aqueles que tinham intenção de imigrar para o Brasil. Todos os interessados deveriam investir sua parte no projeto, possibilitando a compra da Fazenda, que seria dividida em 250 lotes de 14 hectares, sendo dois hectares de terra plana e 12 de floresta. As construções existentes, maquinaria e instalações de eletricidade ficariam sendo de posse comum. Os lotes individuais poderiam ser comprados com dinheiro ou pagos com os trabalhos nas obras comuns. A Fazenda oferecia pensão com comida vegetariana para todos.


A VIAGEM


Como o entusiasmo contagiante de Pennanen, que tinha vindo até o Brasil conhecer a Fazenda Penedo, resultou em grande número de pessoas interessadas em viajar para o Brasil, era preciso fazer uma cuidadosa seleção dos candidatos. Foi apresentado um questionário com 70 perguntas, onde se indagou se o candidato era vegetariano e abstêmio a bebidas alcoólicas e fumo. Depois da seleção rigorosa, foram convocados 28 candidatos para formar o primeiro grupo de imigrantes. Na última noite antes de viajar, todos os imigrantes, seus parentes e amigos se reuniram na sala de festas do Colégio Feminino de Helsinki. O grupo embarcou no porto de Helsinki em 15 de maio de 1929 e chegou ao Rio em 16 de junho de 1929.Ao chegar em Penedo, todos se alojaram na Casa Grande da Fazenda. O salão do andar térreo ficou sendo a república dos homens e uma sala do sobrado serviu de dormitório para as moças.



Os casais tinham os seus quartos. Um prédio menor ao lado da Casa Grande foi arrumado para servir de cozinha e refeitório. Havia muito trabalho para todos. Era necessário preparar a terra para as plantações, construír estradas e começar a edificar as casas. Começaram a surgir as primeiras plantações de milho, batata doce, hortaliças, bananeiras. A primeira estrada a ser aberta foi a que leva da Casa Grande às Tres Cachoeiras. Suni começou a construír a sua casa que serviria de modelo para as outras que viessem depois. As mulheres trabalhavam em turnos, uma semana na cozinha, outra lavando e passando roupa, e a terceira na horta. De acordo com os planos, todos deveriam trabalhar dois anos no serviço coletivo da fazenda, a fim de adquirir experiência necessária para começar a desenvolver o seu lote particular.


AS PRIMEIRAS CRIANÇAS


Nós quatro, meu irmão Paavo, eu e os meninos Raimo e Matti, ambos de cinco anos, as primeiras crianças de Penedo, acostumamo-nos rapidamente à vida em Penedo. (...) Nos dias quentes vestiamos só calção e maiô (...), com frequência íamos nadar. O ribeirão tinha lugares fundos e ainda não sabíamos nadar, mas descobrimos que o local que alimentava a turbina de eletricidade da Fazenda era um lugar ótimo para pularmos e brincarmos na água. Fascinados olhávamos as mulheres dos colonos que lavavam a roupa de maneira esquisita, batendo as peças de encontro à beira cimentada do canal. Um pouco mais longe, as mulheres finlandesas usavam outra técnica: esfregavam as roupas nas tinas de madeira e as escaldavam na água fervente com soda cáustica, num grande panelão de ferro. Costumávamos visitar a casa antiga dos escravos, a senzala, onde moravam algumas famílias dos colonos. De olhos arregalados observávamos as crianças escuras e estranhávamos a língua. Elas também olhavam com espanto para nós, crianças louras que falavam finlandês. Boquiabertos vimos velhinhas fumando cachimbo.


DATA IMPORTANTE


Estava se aproximando ameaçadoramente a data importante de 28 de setembro, quando venceria a prorrogação do prazo para o pagamento do restante da Fazenda Penedo. As despesas tinham sido grandes: a lavoura, as cosntruções, a compra de equipamentos e a pensão de cerca de cem pessoas tinham consumido os recursos. As plantações ainda não produziam nada. Não havia outro meio a não ser apelar mais uma vez aos amigos de Penedo na Finlândia.(...) Quase mil pessoas manifestaram interesse em ajudar Penedo e muitos continuaram depositando dinheiro na conta bancária como investimento para futura compra de terreno. Alguns deram empréstimos a longo prazo e a juros baixos, outros fizeram doações, mas ainda ficou o saldo de 100 mil marcos e o credor só consentiu a prorrogação por mais duas semanas, até 15 de outubro. (...) Parecia milagre, pois antes do dia 15 de outubro, Pennanen conseguiu remeter a importância devida e, Uuskallio teve a alegria e o alívio enorme de entregar o saldo do pagamento da Fazenda Penedo no dia do vencimento. Assim, a Fazenda era totalmente de propriedade dos finlandeses. Muitas orações de agradecimento a Deus foram rezadas nesses dias.


PENEDO NA ATUALIDADE

Passaram-se seis décadas desde que Uuskallio veio ao Brasil para fundar uma sociedade nova e ideal. O seu grande sonho - o paraíso reencontrado de gente idealista - não se realizou da forma como ele tinha imaginado. Mas muitas famílias se estabeleceram aqui, construíram seus lares, plantaram árvores e criaram jardins, viram seus filhos nascerem e crescerem, e assitiram à transformação daquele Penedo desolado nesse recanto lindo e agradável. Os primeiro anos de lutas amargas, desespero árduo, são lembranças distantes. Chegaram os dias de bonanza. Os finlandeses deixaram as suas marcas definitivas em Penedo.Hoje, quando ando no arvoredo tranquilo do jardim de minha casa, vejo o brilho das flores, ouço o canto dos pássaros, respiro o ar puro, avisto as montanhas majestosas e exclamo: - Foi para este paraíso que os Toivos nos trouxeram um dia!"


Eva Hildén (1924 - 1997)


Além de autora do livro "A Saga de Penedo" Eva Hildén foi fundadora do Museu Finlandês de Penedo, onde todos os objetos são provenientes da Finlândia.


"Costumo dizer que a peça mais importante do museu sou eu mesma, por causa das explicações e preleções sobre as coisas, costumes, história e geografia da Finlândia."Eva Hildén


Eva Hildén faleceu em setembro de 1997.