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sexta-feira, 24 de outubro de 2008


NÚCLEO COLONIAL DO ITATIAIA

Em 30 de abril de 1908 o governo do Estado do Rio, representando a União, entra em contato com o Comendador Henrique Irineu de Souza – filho e herdeiro do Visconde de Mauá – para adquirir as fazendas localizadas no maciço de Itatiaia. Em 04 de Junho de 1908 foi lavrada a escritura de compra pelo Governo Federal de 48.000 hectares de terra com benfeitorias, distribuídas em 7 fazendas, por 130 contos de réis, para instalação de núcleos coloniais. Em dezembro de 1908 chegam os primeiros colonos. Instalam-se os Núcleos Coloniais Itatiaya e o Núcleo Colonial Visconde de Mauá. Os lotes são vendidos aos colonos pelo Governo Federal, assumindo o mesmo, de dezembro de 1908 a maio de 1916, todas as responsabilidades com o empreendimento. Pelo decreto n.º 12.083 de 31 de maio de 1916, o Governo Federal emancipa o Núcleo Colonial Itatiaya, no Estado do Rio de Janeiro.
A emancipação era fato previsto pelo Estado na vida da colônia. Significava a autonomia da mesma. O governo suspendia seu apoio. A partir desse fato foram permitidas as vendas dos lotes coloniais a qualquer elemento interessado na sua compra. Data portanto de 1916 o início da compra por fazendeiros da região, e outros, de lotes de colonos “estrangeiros” e de “colonos nacionais”, documentados em cartórios do município. Passou-se a receber turistas nas próprias casas. Foram depois construídas as primeiras pousadas. Data de 1924 a aquisição do lote 90 por Josef Simon. Nesse lote construiu, anos após, o Hotel Simon.Robert Donati, comprou o lote 128, nele construiu um hotel, inaugurado em 1931 com o nome Hotel Repouso Itatiaia, hoje Hotel Donati. E assim outros foram construídos, em lotes do Núcleo Colonial Itatyaia, em épocas diversas – Hotel Cabanas de Itatiaia, Núcleo Colonial Itatiaya, em épocas diversas – Hotel Cabanas de Itatiaia, Aldeia dos Pássaros e Hotel do Ypê – retratando as transformações sociais e econômicas ocorridas nesse original povoamento.
(Dados e trechos do livro: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá (1908-1916) MAN de Resende – pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha).
Na década de vinte, o que hoje se chama Parque Nacional do Itatiaia chamava-se Núcleo Colonial de Itatiaia. Era um núcleo de colonização alemã e francesa. Um dos colonos chamava-se Leonard Walter, agricultor, que cultivava pereiras e macieiras. Por volta de 1926, Sr. Spanner deu ao Sr. Walter a idéia de estabelecer uma pequena pensão de veraneio. Ele fez então uma cabana de palmito muito rústica. Como madame Walter sofria de uma paralisia reumática, a família Dalgele passou a tomar conta.
Certa noite de 1928, o pequeno Dedé, que até hoje bom ouvido para a música, ouviu um grupo cantando belas canções e perguntou à mãe quem eram. Ela lhe disse que eram finlandeses que procuravam uma terra ideal para estabelecer uma colônia. O grupo era de quatro pessoas: dona Lisa e seu marido Toivo Uuskallio, Toivo Suni e um rapaz de dezesseis anos chamado Franz Hule. Dedé, que já falava o alemão, tornou-se o intérprete deles, que também falavam aquela língua.
Agora, vejam os leitores quantas histórias interessantes aconteceram a partir daí. Primeiro, uma espécie de pré-história da sauna entre nós. Como foi dito, madame Walter sofria de uma paralisia reumática. Pois bem, os finlandeses propuseram aos Walter construir ali uma sauna para trata-la. Proposta aceita, construíram-na, exatamente onde hoje é o Hotel Repouso Itatiaia, antigo Donati e mais antigo Pensão Walter. Eles pegavam a Sra Walter no colo, colocavam-na dentro do quarto quente, dali a retiravam certo tempo depois e a jogavam numa piscina natural represada no rio. Umas duas ou três vezes por semana. Em três meses, madame Walter estava andando. Era a primeira sauna construída no Brasil e inaugurada de forma auspiciosa. Ali, os finlandeses souberam que os beneditinos estariam interessados em vender uma fazenda chamada Penedo, pouco mais abaixo, nas fraldas da mesma serra. O forno da primeira sauna finlandesa foi construído na oficina do Schubert, em Itatiaia. (Frederico de Carvalho)
A imigração de europeus para Itatiaia é um capítulo da história local que não se pode desprezar – mesmo porque parte da população Itatiaiense, hoje, é constituída por descendentes destes imigrantes. Sem contar que eles nos deixaram importante legado cultural, incorporado aos hábitos e costumes locais.
Da segunda metade do século XIX, ao início do século XX, o município recebeu grande leva de imigrantes alemães, suíços, austríacos, italianos, húngaros, franceses, espanhóis, portugueses e até mesmo chineses – que se instalaram em Mauá, Itatiaia e Porto Real.
A criação de Núcleo Coloniais em Resende, pelo Governo Federal, representou um período de transição entre o ciclo do café e a pecuária leiteira, quando tentou-se a manutenção do pouco que ainda restava da lavoura cafeeira, e a ampliação da agricultura, através do plantio de outros produtos, como cereais, frutas e cana-de-açúcar.
Núcleo Colonial Itatiaia – (Vale do Campo Belo) foram criados pelo Governo, em 1908, que os manteve até 1916, quando foram emancipados. Os imigrantes europeus – predominantemente, suíços, alemães e austríacos – foram instalados nas terras da grande fazenda do Visconde do Mauá(Irineu Evangelista de Souza), repartida em 106 lotes rurais e 107 urbanos – estes localizados nas sedes dos núcleos (onde seriam, hoje, a vila de Visconde de Mauá e a sede do Parque Nacional do Itatiaia).
Os imigrantes eram subvencionados pelo governo que pagava a passagem e um auxílio provisório, além de instrumentos e sementes, até conseguirem produzir.
A terra – grande ambição dos colonos - era conseguida através de um pagamento a prestação.
No Núcleo de Visconde de Mauá, o Governo Federal instalou escritório técnico, farmácia, escola, padaria, igreja e carpintaria; comerciantes abriram armazéns.
Mas o funcionamento disto tudo foi sempre muito precário.
À região de Mauá e Itatiaia foi escolhida para a instalação dos Núcleos Coloniais, devido a seu clima e paisagem semelhante aos Alpes, o que facilitaria a adaptação dos imigrantes europeus. Além disso, a região era um território quase que totalmente desocupado, formado por densa floresta, antes habitada apenas pelos índios Puris(e Botocudos) ou eventuais posseiros mineiros.
Nas colônias de Mauá e Itatiaia foram experimentadas plantações de cereais e frutas, semelhantes ao que se cultivava na Europa. Esta produção deveria destinar-se também ao mercado externo – do Rio e de São Paulo.
FRACASSO
O Núcleo Colonial Itatiaia redundaram num grande fracasso. Primeiramente, porque as promessas do Governo foram apenas parcialmente cumpridas; e também devido às péssimas condições da estrada de acesso a Mauá, o que dificultava o escoamento da mercadoria produzida no Núcleo. Para se ter uma idéia, gastavam-se 48 horas, a cavalo, de Mauá a Resende. O fracasso deveu-se, ainda, ao fato de que os imigrantes, em grande parte, não eram agricultores. Além de tudo isso, a produção não encontrou colocação no mercado das grandes cidades, monopolizado pelos importadores.
Com o fracasso dos Núcleos, as terras foram vendidas para os mineiros provenientes do Vale do Rio Grande, que dedicaram-se à criação do gado, iniciando-se, assim, um novo ciclo produtivo, na região: o da pecuária leiteira.
Após a desagregação dos Núcleos poucos colonos permaneceram em Itatiaia, existindo , hoje, apenas algumas famílias descendentes dos imigrantes europeus: os Bühler, Bütner e Frech, em Mauá; e os Daigele, em Itatiaia.
(Fonte consultada: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá, de Alexandre Mendes da Rocha)
Núcleo Colonial do Itatiaia
1909-2008(99 anos)



Por volta de 1889-1890, o Comendador Henrique Irineu de Souza, nasceu no Rio a 24-02-1851, filho do Visconde de Mauá – Irineu Evangelista de Souza, natural de Jaguarão - RS, e de D. Maria Joaquina de Souza Machado, era casado com Jesuína de Azevedo Salles. Instalou em sua fazenda na Serra do Itatiaia o Núcleo Colonial do Itatiaia.
Os colonos italianos se dedicavam ao cultivo de frutas e turbérculos, e viam-se frondejar opulentas macieiras, pereiras, ameixeiras, uvas e pêssegos, frutificando dentro da suavidade do clima do Itatiaia(a cavaleiro da Freguesia de Campo Belo).
Em 1909, Henrique Irineu de Souza expõe no Rio, frutas produzidas no Núcleo.
Entre os belos pomos, figuravam pêssegos brancos e róseos, peras d´água, ameixa de Madagascar, Rainha Cláudia, laranjas tipo baiano, limas marmelos, pinhas frutas do Conde e outras quantas que compravam a uberdade do solo e a adaptação dessas espécies ao clima da região.
O governo federal adquire por 130 contos de réis, as propriedades rurais pertencentes ao Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas no Itatiaia, e aí são criados os dois núcleos coloniais, Itatiaia e Mauá para localização de lavradores estrangeiros e nacionais.
Em 1912 chegam ao Núcleo “Itatiaia” as primeiras doze famílias de colonos holandeses. Instala-se oficialmente o Núcleo Colonial “Itatiaia” na serra do mesmo nome. A sede demora a 823 metros sobre mar. Dispõe de 83 lotes rurais com área de 23 hectares, em cada qual estavam localizados 146 colonos franceses, alemães, holandeses, belgas e italianos.

A despesa com a aquisição de terras, construção de casas e caminhos, monta a 307.2999$000.
Em 1912, Rodolfo da Rocha Miranda – Ministro da Agricultura, visita os Núcleos Coloniais. “Itatiaia e Mauá”, situados no Município de Resende, e cujo insucesso prevê, considerando-os impróprios à colonização alemã e francesa.
Frank Brainard, chefe da seção de Pomologia do Ministério da Agricultura, visitou o Núcleo Itatiaia no relato oficial de suas observações afirma, ao titular da “Pasta”.
Benfica é região apropriada à cultura de frutas européias, principalmente; na região além das “Macieiras” foi plantada alfafa da Suíça e da Sibéria; no preparo de solos, ao vez da enxada, deve usar-se o arado; cumpre estabelecer no Itatiaia, uma estação de pomocultura e outra de laticínio; o gado da região está isento de parasitas, não era atacado pelo carrapato, era em geral, grande produtor de leite, e de carnes sadias, engordando oficialmente e não dependendo de grandes cuidados de trato.
A Revista Alemã “Brazilianische Rucdchan” estampou matéria concernente ao Núcleo Itatiaia e clichês das Agulhas Negras e do Lago Azul, belos aspectos panorâmicos da Região das Agulhas Negras.
O presidente da República Marechal Hermes da Fonseca visitou o Núcleo Colonial em plena mata a 2.350 metros de altitude sobre o mar.
Em plena floresta é servido o primeiro repasto, a 1800 metros de altura.
Após 2 dias de permanência na montanha, os itinerantes regressavam a cavalo para Campo Belo.
Em 1913, o Diretor do Núcleo Itatiaia distribuiu a imprensa local, uvas brancas e pretas produzidas no respectivo estabelecimento agrícola.
Cachos de uvas brancas pesavam 2 a 3 quilos e saborosas, rivalizando com os melhores tipos europeus.



Núcleo Colonial “Itatiaia”

1907 – “O Governo Federal entabola negociações para adquirir as propriedades do Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas na Serra do Itatiaia, município de Resende e no limítrofe de Aiuruoca-MG.”(1 –pág 141)
“O Governo Federal adquire por 130 contos de réis, as propriedades rurais pertencentes ao Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas no Itatiaia, deste Município de Resende e, ai, são criados dois núcleos coloniais para localização de lavradores estrangeiros e nacionais.”(2 – pág 141)
Em 1912, chegam ao núcleo “Itatiaia” as primeiras doze famílias de colonos holandeses.(3 – pág 142)
“Instala-se oficialmente o núcleo colonial “Itatiaya”, na serra do mesmo nome. A sede demora a 823 metros sobre o mar. Dispõe de 83 lotes rurais, com área de 23 hectares, em cada qual estavam localizados 146 colonos franceses, alemães, belgas e italianos. A despesa com aquisição de terras, construção de casas e caminhos, monta a 307:299$000”.(4 – pág.148)
“Rodolfo da Rocha Miranada, Ministro da Agricultura, visita os núcleos coloniais “Itatiaia” e “Mauá”, situados no Município de Resende, e cujo insucesso prevê, considerando-os impróprios à colonização alemã e francesa” (5 – pág 148)
“ Frank Brainard, chefe da Seção de Pomologia do Ministério da Agricultura, visita o Núcleo Itatiaya. No relato oficial de suas observações afirma, ao titular da Pasta. Benfica é a região apropriada à cultura de frutas européias, principalmente, a uva; na região além das Macieiras deve ser plantada a alface da Suíça e da Sibéria; no preparo do solo, ao em vez da enxada, deve usar-se o arado; cumpre estabelecer, no Itatiaia, uma estação de pomocultura e alfafa outra de laticínio; o gado da região está isento de parasitas, não é atacado pelo carrapato, é grande produtor de leite e de carnes sadias, engordando facilmente e não dependendo de grandes cuidados de trato.”
“A revista alemã “Brazilianische Rucdehass”, estampa matéria concernente ao núcleo “Itatiaia” e clichês das Agulhas begras e do Lago Azul, belos aspectos panorâmicos da montanha resendense”. (7 – pág. 152)
“O Presidente da República Marechal Hermes da Fonseca, o Dr. Oliveira Botelho, presidente do Estado, o Cel. Barbedo, chefe da Casa Militar da presidência, o Cap. Ten. Cunha Meneses, ajudante de ordens do Chefe da Nação, o Cel. Filadelfo, comandante da Força Militar do Estado e figuras representativas da sociedade local visitam os núcleos “Mauá” e “Itatiaia” entregando-´se a incursões cenegéticas. Logram abate, em Mauá, uma anta pesando 180 quilos. São infrutiferamente, corridos 2 veados. Os presidentes pernoitaram em um rancho em plena mata a 2.350 metros de altitude sobre o mar. De Mauá seguem a cavalo para Itatiaia, vencida a distância em 7 horas de marcha batida. Em plena floresta é servido o primeiro repasto, a 1.800 metros de altura. Após dois dias de permanência na montanha os itinerantes regressaram a Campo Belo, de cujo termo partem à uma hora da manhã para o Rio”.
“O Diretor do núcleo Itataya distribuiu à imprensa local, uvas brancas, e pretas produzidas no respectivo estabelecimento agrícola. Cachos de uvas brancas pesavam de 2 a 3 quilos e saborosíssimas, rivalizando vantajosamente, com os melhores tipos europeus.” (9 – pág. 155)
“O Governo resolve localizar nos núcleos Itatiaya e Mauá, os indivíduos que, sem trabalho se fazem apreensivo problema, nas ruas do Rio de Janeiro. São assim colocados 530 homens que não se afeiçoando ao serviço de terra, abandonam os núcleos da montanha”. (10 – pág. 162)
“Fixa residência no município localizando-se em propriedade que adquire no núcleo Itatiaya, o Barão Homem de Melo, notável figura de historiador e filósofo, Barão Francisco Ignácio Marcondes. Homem de Melo nasceu em Pindamonhangaba em 01/05/1873, faleceu em 04/01/1918. Foi Presidente de São Paulo e Rio Grande do Sul. Filho de Visconde de Pindamonhagaba, Sr. Francisco Homem de Melo e casado com Maria Joaquina Marcondes Ribas, filha do Capitão Candido Marcondes Ribas e de Ana Rosa.” (11- pág 165)
“ A direção do núcleo Itatiaya expõe, no Rio de Janeiro, frutas produzidas no respectivo estabelecimento, quer por colonos ali localizados, quer por particulares. O mostruário que desperta atenção pública e merece da imprensa lisongeiras referências e grandes cachos de uvas brancas, pêssegos rosados e amarelos, maçãs, pêras, ameixas do Japão, caquis, rainha Cláudia, morango, mamão(muitos destes últimos pesando 2 quilos); limão doce e azedo, banana de diversas qualidades. Causa surpresa um dos cachos com 274 alentados frutos. Um dos expositores, Paulo Armandi, expõe magnífico e saboroso produto, compota de jabuticaba.” (12 – pág 168/169)
“Campos Porto, naturalista do Jardim Botânico publica interessante trabalho A Flora Orquídea da Serra do Itatiaia. Percorrendo, demoradamente, a montanha consegue apurar 1.200 variedades de parasitas, muitas das quais de forma e coloração bizarra. Entre os exemplares há um de rara beleza, ao qual o naturalista denomina “ Cattaley-a Itatiayae” e que parece hidrido natural e difere de todas as espécies catalogadas na Flora Brasiliense.” (13- pág.177)
Bopp Itamar – “Resende” – Cem Anos da Cidade
1848 – 1948

CONCLUSÃO:
O local conhecido como Núcleo Colonial Itatiaya, foi assim denominado pelo Governo, que em 04 de Junho de 1908 comprou do Comendador Henrique Irineu de Souza, filho e herdeiro do Visconde de Mauá, 48.000 hectares de terra com benfeitorias, distribuídas em 7 fazendas, para instalação dos Núcleos Coloniais Itatiaya e Visconde de Mauá. Estes dois Núcleos Coloniais foram os dois únicos núcleos federais organizados no Estado do Rio, dentre vinte e três fundados em todo o país durante a fase de colonização de começos do século XX. Os Núcleos foram divididos em lotes para serem vendidos aos colonos pelo Governo, que passava a responder integralmente por estas colônias. O Núcleo Colonial Itatiaya recebeu predominantemente famílias imigrantes alemãs, suíças e austríacas com o propósito de produzir frutas européias, cereais, tubérculos e criar gado de raças de clima temperado, pois as terras da Serra da Mantiqueira foram equivocadamente avaliadas como área de clima semelhante ao dos Alpes Europeus. Por diversos motivos, o objetivo do Núcleo não foi atingido, e em 31 de maio de 1916 o Governo Federal emancipou o Núcleo Colonial Itatiaya, referendando seu fracasso e inviabilidade. A emancipação era fato previsto pelo Estado na vida da colônia. Significava a autonomia da mesma. O governo suspendia seu apoio. A partir desse fato foram permitidas as vendas dos lotes coloniais a qualquer elemento interessado na sua compra. Data portanto de 1916 o início da compra por fazendeiros da região, e outros, de lotes de colonos “estrangeiros” e de “colonos nacionais” , documentados em cartórios do município. Passou-se a receber turistas nas próprias casas. Foram depois construídas as primeiras pousadas. Datas de 1924 a aquisição do lote 90 por Josef Simon. Nesse lote construiu, anos após, o Hotel Simon. Robert Donati, comprou o lote 128, nele construiu um hotel, nele construiu um Hotel Donati. E assim outros foram construídos, em lotes do Núcleo Colonial Itatiaya, em épocas diversas – Hotel Cabanas de Itatiaia, Aldeia dos Pássaros e Hotel do Ypê – retratando as transformações sociais e econômicas ocorridas nesse original povoamento.
(Dados e trechos do livro: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá – 1908-1916 – MAM de Resende – pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha).
Em 14 de junho de 1937 foi criado o Parque Nacional do Itatiaia pelo decreto n.º 1.713. Tal diploma legal, sabiamente não incorporou nenhum dos lotes que tinham sido vendidos aos colonos e a terceiros pelo Governo , portanto, de propriedade privada: o Parque Nacional do Itatiaia(11.943 hectares) foi constituído pela área da Estação Biológica do Rio de Janeiro mais alguns lotes do Núcleo Colonial que ainda pertenciam ao Ministério da Agricultura. Fora do limite do Parque ficaram outros lotes de propriedade da União, aonde vieram ser instaladas a sede do Parque e as demais dependências. Também não foram incluídos os chamados no Decreto n.º 1713 de lotes privados encravados e citados como área “...da que for desapropriada...”. Na verdade nunca o foram, e serviriam para unir os lotes públicos externos aos limites do Parque Nacional do Itatiaia aos contidos dentro de seus limites.
Em 1982, o decreto n.º 87.586, de 20/09/1982, sancionado pelo Geenral João Baptista Figueiredo, na qualidade de Presidente da República, ampliou os limites do Parque Nacional do Itatiaia de 11.943 hectares para “aproximadamente 30.000 hectares”. O decreto incluiu, discricionariamente, lotes do Núcleo Colonial Itatyaia pertencentes a particulares, sem definir que seriam desapropriados e sem justificativa técnica para inclui-los. Esses novos limites na parte sul estão em desacordo ao proposto no Plano de Manejo desse mesmo ano (1982) para o PNI. Nesse documento consta explicitamente: “Considerando que Parque Nacional é uma categoria de manejo onde, dentre outras qualificações, as terras devem pertencer integralmente ao Poder Público, e que, as condições em que se encontra a área representada pelos lotes remanescentes do Núcleo Colonial Itatiaia a desqualificam como Parque Nacional, julgarmos adequada a transferência da categoria de manejo desse conjunto de lotes, encravado do Parque Nacional, para Parque Natural, onde tais condições são admissíveis”. Embora não mais exista a categoria Parque Natural, o fato é que o documento de encaminhamento da ampliação do parque reconhecia não ser admissível à inclusão desses lotes referidos dentro dos limites de um Parque Nacional.
Fonte: Associação dos Amigos do Itatiaia

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