O nome de Roberto Donati é frequentemente associado ao do pintor Alberto da Veiga Guignard, por ter esse genial artista vivido em alguns períodos, entre 1940 e 1944, no Hotel Repouso, em Itatiaia, de propriedade de Donati, de quem era grande amigo. Ali, recuperando-se de problemas de saúde e encontrando abrigo para enfrentar as dificuldades financeiras, Guignard teve um período extremamente produtivo, do qual ainda se conhecem alguns quadros.
Donati foi amigo de muitos artistas - compositores, músicos, cantores líricos, romancistas, poetas e pintores - que frequentaram o seu hotel desde 1931, quando foi inaugurado, mas as referências biográficas sobre ele mesmo são raras. Há um esforço de pesquisa sendo realizado para recuperar documentos, já que a maioria das informações que se pode obter, são resultados de lembranças de pessoas que conviveram com ele.
Roberto Donati nasceu em Berlim, por volta de 1886, tendo deixado a Alemanha logo depois da primeira Guerra Mundial, estabelecendo-se em Paris, onde dedicou-se ao comércio de peles. Essa mesma atividade levou-o a Argentina, onde viveu até meados da décado de 1920, quando veio para o Brasil, onde radicou-se definitivamente. Homem culto, falava oito idiomas e tocava piano. E foi justamente a música que o inspirou para uma nova atividade profissional, quando veio para o Rio de Janeiro, tendo adquirido a Casa Carlos Wers, especializada na venda de instrumentos musicais e partituras. Mais que um negócio, a Casa Wers foi um ponto de encontro dos artistas da época, onde Donati teve a oportunidade de cultivar uma verdadeira legião de amigos, que preenchiam sua vida solitária. Tendo perdido na guerra a família, os amigos, e possivelmente àquela que teria sido o grande amor da sua vida, tinha em seu país natal apenas duas sobrinhas... e foi no Brasil que ele encontrou um novo tipo de fraternidade, entre pessoas com as quais partilhava sua sensibilidade e generosidade.
Pouco depois de chegar ao Brasil, Donati conheceu Itatiaia, onde costumava hospedar na famosa Pensão Walter. Encantado com o local, onde encontrou outros imigrantes europeus, vindos em 1908, na época da criação do Núcleo Colonial do Itatiaia, Donati adquiriu em 1928 a gleba 128, do mesmo casal Walter que o hospedava. E ali construiu o Hotel Repouso, inaugurado três anos mais tarde. Na época não havia estrada, e o material da obra era transportado em carros de bois. E os hóspedes tinham que chegar lá à cavalo. Em poucos anos, o hotel transformou-se em seu principal interesse, tendo fechado a Casa Carlos Wers para dedicar-se integralmente. Afinal, o hotel era também um bom endereço para receber seus muitos amigos, como o poeta Vinícius de Moraes, que se refere a ele em algumas cartas. E como Alberto da Veiga Guignard, que retribuía a hospitalidade de Donati pintando muito, inclusive nas portas, paredes, traves e janelas da cabana que ocupou, e na sede do hotel. O Hotel Repouso hoje, chama-se Hotel Donati, por iniciativa dos novos proprietários, herdeiros do casal Marina e Mamede Vidal de Andrade, que o administraram nos últimos anos de vida de Roberto Donati, que faleceu entre 1967 e 1968, não tendo sido possível precisar a data. A cabana onde Guignard morou ainda mantém as pinturas que ele fez, e onde, apesar da necessidade de reforma por que passou, continuam preservadas.
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